No esforço para elaboração do diagnóstico preventivo, do tratamento e da redução da mortalidade do câncer, o rastreamento da doença deve ser incorporado à rotina dos consultórios médicos de outras especialidades. Segundo a pneumologista Manuela Cavalcanti, da Santa Casa de Porto Alegre, uma singela indagação do médico sobre a eventual condição de tabagista do paciente pode servir para desencadear o processo de rastreio. Segundo a palestrante da sessão científica da Academia Sul Rio-Grandense de Medicina (ASRM), coordenada pelo segundo vice-presidente Acadêmico Darcy Ribeiro Pinto Filho. Neste sábado (30), a equação é teoricamente simples: se o tabaco é o principal responsável pelo câncer de pulmão, nem ex-fumantes inveterados escapam da necessidade de submeter-se a exames que investiguem sintomas da doença cancerígena. “Mesmo que tenham parado de fumar, fumantes de mais de um maço por dia correm riscos”. Para a Dra. Manuela, em busca desta detecção precoce, métodos como o uso de raio X são superados pelo emprego da tomografia de tórax de baixa dose.
“A gente corre contra o relógio e o pneumologista precisa da ajuda dos outros colegas, pois sozinho não consegue êxito completo no rastreamento que impacta sobre a mortalidade do câncer”, disse ela respondendo ao questionamento proposto no enunciado da reunião: ‘o que os médicos podem fazer antes do câncer chegar?'”
Ou o que podem fazer para impedir que cerca de 27 mil pessoas morram de câncer no mundo a cada 30 minutos
Três especialistas em outros tipos de cânceres expuseram preocupações semelhantes nesta corrida para tentar salvar vidas.
A mastologista Camile Stumpf, integrante do Programa Novos Talentos da ASRM, destacou que além da mamografia anual para pesquisar câncer de mama, pacientes não podem descartar o exame físico e idealmente deveriam realizar tomossíntese que, entretanto, esbarra na falta de cobertura dos planos de saúde.
A endoscopia é indispensável para o diagnóstico precoce do câncer de colo retal de acordo com o Acadêmico Cláudio Marroni, recomendado que pacientes com mais de 50 anos devem repetir a endoscopia a cada cinco anos.
O Acadêmico Cláudio Telöken salientou que a detecção precoce é muito importante porque a doença na próstata é lenta em seu andar assintomático. E o tempo conta muito para agir com eficácia. Também pregou a divulgação da ideia da prevenção citando um empresário que utiliza seus caminhões com faixas alusivas propagando campanhas preventivas.
Comentando o painel, o Acadêmico e oncologista Gilberto Schwartsmann citou biologia molecular, a vacinação contra HPV e a Hepatite B como auxiliares importantes no combate ao câncer.
Outro comentarista, o Acadêmico Luiz Carlos Correa da Silva, lembrou que em 2005 o Brasil aderiu à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde, mas logo vieram os eletrônicos e a liberação da maconha. E alertou para os enganos quanto a menores prejuízos dos cigarros eletrônicos em relação aos similares industriais que, na verdade, são igualmente danosos e cancerígenos.