Com a alegria do reencontro presencial expressa efusivamente pelos acadêmicos, na manhã deste sábado (26), a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM) voltou a realizar uma reunião ordinária no auditório do CREMERS, transmitida também de modo virtual, através do Zoom, constituindo um sistema híbrido. Neste sentido, o presidente Luiz Lavinsky dirigiu o encontro presente na sala tradicional das reuniões mensais, onde os acadêmicos estavam distanciados e com máscara, enquanto o diretor Científico e de Cursos, Sérgio de Paula Ramos, coordenou, virtualmente, a apresentação da palestra magna sobre o tema “Porque não devemos usar a expressão ‘violência obstétrica’”, a cargo do professor de Ginecologia e Obstetrícia da UFRGS Sérgio Hofmeister de Almeida Martins- Costa.
A primeira parte da reunião iniciada às 9h, com a “conhecida pontualidade gaúcha superior à britânica”, segundo brincalhona observação de Lavinsky, tratou de assuntos internos e incluiu a manifestação de diretores a respeito de ações e projetos de suas áreas específicas. Todos estavam presentes no auditório: Miriam da Costa Oliveira (Cultura), Paulo Prates (Memória), Rogério Xavier (Polos Regionais) e Germano Bonow ( Relações Interinstitucionais), este, aliás, também contribuiu de modo virtual na segunda parte da reunião.
O decano da ASRM, Arnaldo Costa Filho, que completa 100 anos em 2022, registrou o falecimento de colegas médicos como o ex-secretário da Saúde, cardiologista Nelson Carvalho de Nonohay e o cardiologista e ex-reitor da Universidade de Pelotas, Cláudio Borba Gomes. Ele sugeriu que a Academia envie a lembrança e as condolências da entidade aos familiares.
MÁ PRÁTICA
Na etapa final, a partir das 10h, a elogiada exposição de Martins-Costa, criticando o uso da manipulação de termos que criminalizam procedimentos médicos no parto, suscitou um debate interessado com a participação de vários acadêmicos como Themis Reverbel da Silveira, Sérgio Ramos, Carlos Menke, Heitor Hentschel, Paulo Prates, Carlos Gottschall, Cleber Dario Kruel e Lavinsky.
Para o palestrante, pode ocorrer eventual erro ou má prática médica, mas isto não justifica o preconceito e a ignorância contida na expressão “violência obstétrica”, que a OMS sequer reconhece mas a mídia brasileira costuma legitimar.
Conforme a maioria, a questão está contaminada pelo viés político e muito provavelmente por interesses financeiros provocados por indústria de ações judiciais. Também a presença das “doulas” nos nascimentos foi debatida, considerando a forte pressão existente sobre o legislativo federal para regularizar a função leiga na sala de cirurgia. “A ‘doula’ treinada para acolher a mãe naquele momento, não atrapalha, ao contrário pode até ajudar a dar conforto à mulher”, disse Martins-Costa. O que não pode é a ‘doula’, sem formação médica, interferir no procedimento médico.O curso de ‘doulagem’ é de 48 horas e qualquer um pode fazer. Somos contra que esta função se torne uma profissão nivelada com uma formação em medicina”.