I) Exposição Fotográfica “Olhar Viajante”: Uma linha do tempo
A origem da exposição data de janeiro de 2020, planejada por 3 acadêmicos: Sérgio de Paula Ramos, Jorge Neumann e Miriam Oliveira, quando a proposta foi apresentada e apoiada pelo então Presidente da ASRM, Dr. Carlos Henrique Menke. A exposição comemoraria os 30 anos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM)!
Em 3 de março de 2020, nos foi informada por e-mail a disponibilidade de agenda expositiva no Centro Histórico Cultural da Santa Casa no segundo semestre de 2020. E chegou o 12 de março, com o primeiro decreto estadual contendo medidas temporárias de prevenção da pandemia, e nos isolamos.
O tópico foi ativamente retomado em meados de 2021, com o apoio do então Presidente da Academia, Dr. Luiz Lavinsky, sendo o Edital 01/21 da I Exposição de Arte Fotográfica da ASRM assinado em 30 de agosto.
Foi escolhido como curador o historiador Dr. Éder da Silveira. Seria sua responsabilidade a seleção das fotos, além do preparo da mostra (redação dos textos pertinentes à exposição, expografia, acompanhamento da montagem e desmontagem).
No mês de novembro de 2021, houve a divulgação pública das fotos selecionadas, seguida pelos trabalhos de impressão e preparo das fotos e criação do material de divulgaçãoque incluiu a criação da conta da ASRM no Instagram.
Convidados os acadêmicos e a sociedade em geral, foi aberta a exposição em 3 de fevereiro de 2022. Estiveram presentes presidentes e membros da Academia, familiares e amigos. Ali, Sérgio de Paula Ramos, Jorge Neumann, Miriam Oliveira, Roberto Giugliani e Paulo Belmonte Abreu, expuseram 26 fotos que derivaram da paixão pela fotografia. Para além do individual, o objetivo foi ampliar o conhecimento sobre as várias facetas dos médicos que compõem a ASRM.
Galeria de Fotos da Abertura da Exposição
II) Concurso de Contos para estudantes de Medicina do RS: Uma Linha do Tempo
O início do processo data de outubro de 2021, a partir de contato feito pelo então Presidente da Associação dos Estudantes de Medicina do Rio Grande do Sul (AEMED-RS), Matheus Rech. A partir do reconhecimento da importância da literatura como ferramenta para desenvolver valores nos estudantes de Medicina, ele sugeria a promoção pela ASRM de um concurso de contos/crônicas/poesias.
A sugestão foi avaliada pela Direção da ASRM, aceita, e foi constituída uma Comissão para o desenvolvimento do Concurso, constituída pela Diretora Cultural, Miriam Oliveira, e pelos acadêmicos Paulo Prates e Germano Mostardeiro Bonow. A primeira reunião ocorreu on-line, em 7 de fevereiro de 2022, sendo na sequência finalizado o Edital 1/2022.
A Comissão Julgadora foi formada pelos acadêmicos Carlos Antonio Mascia Gottschall, Gilberto Schwartsmann, Rogério Gastal Xavier e Waldomiro Carlos Manfroi.
O Edital, aprovado pelo Presidente da ASRM, Luiz Lavinsky, foi apresentado na Reunião Plenária de 26 de março, assinado em 28 de março e publicado no site da Academia.
A divulgação externa foi feita 1) por meio de ofício a Diretores/Coordenadores de Cursos de Medicina do Estado; 2) via Instagram, com posts no perfil do Departamento Cultural da ASRM e publicações de divulgações de terceiros; 3) via Instagram, por posts nos feeds e stories da AEMED-RS e do Departamento Universitário da AMRIGS (DU-AMRIGS) que ofereceu parceria para divulgação; 4) por outros meios utilizados pela AEMED-RS (e-mails para Diretórios Acadêmicos, nomeação de representantes em universidades). O Concurso também foi divulgado em outras mídias: ZH (informe Especial) e GZH.
Após o encerramento das inscrições em 11 de junho de 2022, foi computada a participação de 11 diferentes Faculdades de Medicina e um total de 26 inscritos.
A Comissão Julgadora deliberou pela premiação do conto “Olhos castanhos”, de Luís Felipe Saldanha, da UFPEL, e por conceder Menção Honrosa para os contos “Xeque-mate”, de Rodrigo Nascimento, da UFCSPA, e “Então, como um gato, ela se misturou à escuridão”, de Júlia Breitenbach Diniz da UPF.
Conforme estabelecido no Edital, o resultado foi divulgado em 12 de setembro de 2022 e os contos foram publicados no site da ASRM.
Mini Livro com os três contos Premiados
Edital Concurso de contos ASRM
Formulário de inscrição Concurso de contos da ASRM
Galeria de Fotos da premiação dos vencedores do Concurso
Homenagem aos vencedores do Concurso de Contos para estudantes de medicina (Discurso do Acadêmico Waldomiro Carlos Manfroi)
Digno presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, dr. Luiz Lavinsky, ao cumprimentá-lo, saúdo as confreiras, os confrades, os homenageados e seus familiares.
Primeiro devo cumprimentar a coordenadora do projeto cultural da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, acadêmica Miriam Oliveira, pela excelente condução do Concurso Contos para Estudantes de Medicina, realizado no decorrer de 2022 pela Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Cumprimentar também os organizadores das normas do edital, Germano Bonow e Paulo Prates, bem como aos demais colegas que participaram comigo da comissão julgadora: Carlos Gottschall, Gilberto Schwartsmann e Rogério Xavier.
Confesso, acadêmica Miriam Oliveira, coordenadora do projeto Cultural da Academia, que fiquei muito feliz ao ler os textos dos alunos, ao ver que, no Rio Grande do Sul, continuava se mantendo a longa tradição de médicos escritores. Mas de onde vem essa particularidade, visto que não se acha produção literária semelhante em outros estados brasileiros?
Disse o poeta, historiador e professor de Literatura, Guilhermino César, em seu texto, Medicina e Literatura, publicado no Correio do Povo em 27/7/1978: 3): “Numa época em que não havia no Brasil cursos de Letras, as Escolas de Medicina eram verdadeiros berçários de escritores. Entretanto, mesmo após a disseminação das faculdades de letras, a medicina tem legado à literatura escritores expoentes”. Dentre eles, destacava, então: Aureliano de Figueiredo Pinto, Dyonélio Machado, Cyro Martins e Moacyr Scliar.
Vale destacar que desde Hipócrates, o Pai da Medicina, os médicos trabalham com o corpo e os sentimentos das pessoas. Registram suas queixas físicas e suas dores da alma. Nessa singular relação, eles convivem com milhares de pessoas, e com a desafiadora peculiaridade de que nenhuma é igual à outra. E, mesmo tendo de cumprir uma gama de responsabilidades e de trabalho, os médicos nunca se contentaram em registrar apenas as particularidades das doenças dos seus pacientes.
Depois de Hipócrates, os documentos produzidos na Era Cristã registram que São Lucas, um dos evangelistas que escreveu Atos dos Apóstolos, teria sido médico. Esta hipótese se sustenta em seus próprios textos que mencionam muitas pessoas doentes e as formas de tratamento que usava. Outro argumento favorável a essa teoria situa-se na proximidade existente entre a terminologia usada por ele ao se referir aos enfermos e a terminologia empregada por Hipócrates em seus livros.
E a observação feita pelo ilustre professor Guilhermino César encontra eco num passado não muito distante aqui no nosso meio. Em 1914, dois anos depois de ter sido fundado o Centro Acadêmico de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, sob a presidência do acadêmico Raul Moreira, hoje Patrono da Cadeira 58, da nossa Academia, foi lançada a revista Vida e Arte, na qual os alunos publicavam trabalhos, contos, poesias e desenhos satíricos. Mais tarde surgiram várias revistas e jornais das Associações das Turmas Médicas de cada ano, conhecidas como Revistas das ATMs. Dessas publicações tiveram destaque especial O Manhoso, O Ectópico e o Pascoal. A tônica do humor produzido pelos alunos incidia sobre temas mais recorrentes, tais como o temido vestibular, o trote, a passeata e o baile dos bixos, de modo especial, aos que não se submetessem aos ditames dos veteranos. Há registros de críticas a alguns professores, bem como comentários sobre as dificuldades dos estudantes de medicina: moradia, alimentação, falta de livros na biblioteca, falta de funcionários para estudos extras para estudo de Anatomia à noite.
Em 1937, Balbino Marques da Rocha, com o título Estância de Dom Sarmento, publica pela Editora Globo, um livro de sátira que alcançou grande repercussão, dentro e fora da faculdade. E toda essa produção literária realizada entre 1914 e 1932, não deixou de ter vinculação com o movimento que a Sociedade de Medicina de Porto Alegre e os cronistas médicos dos jornais encetavam contra a Lei da Liberdade Profissional, implantada no nosso Estado através da Constituição Positivista de 1891.
Cabe salientar, de outra parte, que, em 2013 publiquei um ensaio intitulado “Médicos escritores através dos tempos”. Pelo fato de ter sido publicada uma extensa obra sobre médicos escritores gaúchos já falecidos, no volume 7, da série Médicos (PR)ESCREVEM, coordenada por Fernando Neubarth, Blau Fabrício de Souza, Luiz Eduardo Degrazia e Franklin Cunha, em 2001, ative-me apenas aos autores locais, nacionais e internacionais que publicaram e ou publicavam os gêneros romance, conto e teatro. Hoje, ao retomar o tema, aproveito para salientar que, além dos médicos que citei então, há dezenas de médicos no estado que se dedicam à produção literária do gênero poesia, crônica, ensaio, História de Medicina, que devo destacar nesta cerimônia:
João Gomes Mariante
Carlos Antônio M. Gottschall
Paulo Sérgio Rosa Guedes
Rogério G. Xavier
Carlos H. Menke
José J. Peixoto Camargo
Gilberto Schwartsmann
Osvandré Luiz Canfield Lech
Paulo Prates
Maria Helena Itaqui
Leonor Schwartsmann
Então, bem-vindos ao grupo de médicos escritores do Rio Grande do Sul, ilustres acadêmicos vencedores:
Em 1º lugar Luís Felipe Saldanha, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas.
Em 2º lugar, Rodrigo Nascimento, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Em 3º lugar, Júlia Breitenbach Diniz, da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo.