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Cadeira 17

Amílcar Goyheneix Gigante

Nascido em 03/06/1929, na cidade de Pelotas, Amílcar Goyheneix Gigante construiu ao longo de quase sete décadas de vida um legado científico, político e ideológico que inspira ainda hoje muitos profissionais das mais diversas áreas nas quais atuou. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1952, custeou os próprios estudos em Medicina com outra profissão: a de taquígrafo da Assembleia Legislativa do Paraná.

Após laurear-se, construiu uma frutífera carreira nos diferentes ramos que a profissão lhe permitiu. Foi professor adjunto de clínica médica e diretor do Hospital de Clínicas da UFPR, chefe do gabinete de Secretaria de Estado da Saúde do Paraná no período de novembro de 1954 a maio de 1955, e fez parte da segunda gestão do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), a primeira eleita pelo voto direto, entre os anos de 1959 e 1963. Eleito suplente, ele foi convocado já na segunda reunião plenária do Conselho, em 19 de julho de 1959, para assumir função de conselheiro titular pela ausência por um período do então presidente da autarquia, Prof. João Vieira de Alencar.

Tendo como uma de suas marcas o envolvimento em atividades políticas, foi proibido de lecionar aos 40 anos de idade. Era 1969, e o Governo Militar endurecia ainda mais com o Ato Institucional nº 5. Retornou, então, à cidade natal, Pelotas.

Em 1979, privilegiado pela Lei da Anistia que restabeleceu direitos políticos e a volta ao serviço de servidores excluídos durante o período militar, ele voltou ao trabalho como docente, dessa vez na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ali, se tornaria o primeiro reitor a ser eleito e nomeado na instituição, dentro de um contexto de redemocratização e realização de nova Assembleia Constituinte. Tomou posse em 11 de janeiro de 1989 e liderou, a partir de então, a gestão “Construção”, entre os anos de 1989 e 1992.

Segundo lembrou o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da época, Sérgio Roberto Martins, em evento comemorativo aos 45 anos da universidade, realizado em 2013, as grandes questões que marcaram a gestão de Gigante formavam um ideário de temas como democracia, ciência, utopia, ética, política e relação ensino versus aprendizagem.

Em notável coincidência, Amílcar Gigante faleceu, aos 69 anos, no Dia do Médico, em 18 de outubro de 1998, deixando sua esposa e cinco filhos. Uma delas, Denise Petruci Gigante, é nutricionista e leciona na mesma Universidade Federal de Pelotas, da qual seu pai foi reitor.

Em 2013, Amílcar Gigante recebeu homenagem póstuma na 72ª Caravana da Anistia do Ministério da Justiça, realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, em Curitiba, pelo seu histórico de luta em prol da redemocratização do País.

Sua memória permanece presente em diversas construções que celebram seu legado, como o Centro de Pesquisas em Saúde Dr. Amilcar Gigante, na UFPel; a Biblioteca Amílcar Gigante, no bairro Alto da XV, em Curitiba; a Escola Estadual Dr. Amílcar Gigante, em Pelotas; e livros que publicou ao longo de sua vida.

Como fundador da Academia ocupou a cadeira número 17.