Franklin Veríssimo nasceu em 27 de julho de 1920, em Cruz Alta/RS, e faleceu em 06 de setembro de 1990, em Porto Alegre. Era filho de Fabricio Verissimo, odontólogo e Daura Galvão Verissimo, do lar. Do ramo Verissimo ligado ao campo e à medicina, herdou o nome do avô Franklin, médico prático, a dedicação à profissão, com altruísmo e independência. Do ramo Galvão, um avô engenheiro, Ramiz Galvão, ligado à VFRGS, o espírito de construir e de grupo. De sua vivência familiar, da formação básica em colégios da cidade até concluir o Ginásio, e da amizade com a família Miranda e Westphalen, também de médicos e atuantes na localidade, trouxe para Porto Alegre sua cultura gaúcha de firmeza de ideias e busca de conhecimento.
Aqui fez o curso preparatório para a Universidade e devido à classificação de vestibular da época fez o 1º ano do curso de Medicina no Rio de Janeiro, porém, ligado ao RS, voltou no 2º ano para Porto Alegre para seguir o curso na UFRGS, concluído em 1945. Da experiência no Rio guardava caras lembranças e, em especial, de um professor de Anatomia e de Fisiologia, que valorizava muito essa base do estudo, vital para ele e para um médico. Do curso guardava intensas lembranças de professores e colegas, tendo conservado seus grupos em toda a vida médica, já que sua personalidade, extremamente social o aproximava de todos. Não mantendo desejo de exercer magistério, apesar dos laços e convites do Prof. João Lisboa de Azevedo, a quem admirava e considerava, escolheu dedicar-se à clínica particular, que foi seu norte por toda uma vida de trabalho em consultório, como autônomo, e em atendimento domiciliar, ainda habitual durante seu exercício profissional.
Teve pacientes dedicados, e muitos deles acompanhou por muitos anos, tendo ainda ido ver um deles em casa no último dia de sua vida ativa, 4 dias antes de ter sofrido o AVC que o vitimou, agravado por ser diabético. Fez a continuidade de sua formação voltada à Medicina Interna e Cardiologia, foco de seu trabalho, em cursos variados, inicialmente estagiando no Instituto do Coração em São Paulo, onde fez um ponto de ligação profissional de relevância. Seguiu atualizações variadas, congressos, grupos de colegas, e manteve uma biblioteca médica extensa, tendo deixado um enorme número de volumes manuseados diariamente, em seu gabinete em casa, onde estudava todos os dias antes de ir para o hospital fazer a ronda do dia, o que ainda fez no último dia de vida, acompanhado de seu chimarrão e muitas vezes com a visita de algum médico amigo.
Por considerar a Medicina uma arte a ser exercida na relação médico-paciente, teve desde o início um consultório e atendimento hospitalar para acompanhamento dos pacientes e com foco no cuidado pré e pós-operatório nos casos cirúrgicos. Iniciou a profissão, em um bairro, sob orientação do Dr. Jayme Domingues. Para facilitar deslocamento, logo instalou-se na Rua dos Andradas, definitivamente, em parceria com o Dr. Aldo Foergens, oftalmologista colega de turma. Mesmo sem visar trabalho acadêmico, manteve um sistema no trabalho, em que sendo clínico, por amizade e por relacionamento profissional, mantinha grande número de relacionamentos médicos com colegas, o que seria extenso citar; também de ter um médico em formação como assistente pessoal. Houve vários, amigos para toda uma vida, e que, segundo sua filosofia, quando estavam “prontos para voar” deveriam constituir a clínica própria. Dizia que não “sabia ensinar” a não ser pelo exemplo, pela discussão e pela prática. Todos se conservaram amigos, colaboradores e o último, Dr. Moacyr Bernardes, o assistiu no hospital, em seu final. De hábitos regulares, pessoa de muita firmeza em suas opiniões, fez da profissão uma vida de rotina e de seriedade, já que era um realista com gostos tradicionais, vivia para si mesmo de modo comedido e para os outros extremamente generoso. Uma visão equilibrada pelo contato permanente com os amigos, sendo que sempre teve grupos de lazer, e um gosto permanente pelo futebol. Foi médico do Sport Club Internacional inicialmente, acompanhando diretorias em várias oportunidades, tendo numa delas criado um Departamento para auxílio médico aos jogadores e famílias, que, na época não tinham salários tão altos. Nos últimos anos a saúde foi minada por episódios devidos à diabetes, que finalmente o vitimou, e a perda do filho mais velho, Paulo, falecido no último mês de conclusão do curso de Medicina. Sua família, a esposa, Vera Elisabeth Verissimo, professora, fonoaudióloga, psicóloga, tradutora e escritora, as filhas Adriana, médica veterinária, a neta Júlia, e Laura, psicóloga, casada com o Dr. Mauro Weiss, urologista, os netos Felipe, Manuela, lastimam sua perda, bastante precoce. Dr. Franklin participou da reunião de fundação da Academia e articulações iniciais para a Escolher mais membros e patronos para completar o número de sessenta cadeiras, mas veio a falecer em setembro do mesmo ano, motivo pelo qual a cadeira 39 na sessão solene de posse ficou vacante. Coincidentemente, no ano em que se comemora os trinta anos da fundação, ele estaria celebrando seu centenário.
(Texto biográfico de autoria da viúva do fundador: Escritora Vera Elisabeth Veríssimo)