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Nicanor Letti †

Nicanor Letti, filho de Horácio Letti e de Elvira Mondadori Letti, nasceu em Antônio Prado (RS) em 1932 e faleceu em Porto Alegre em 11 de outubro de 2017. Fez o curso ginasial no Colégio Nossa Senhora do Carmo em Caxias do Sul, e o científico, no Colégio Anchieta, na capital do estado. Aprovado no exame vestibular, matriculou-se na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na qual se formou em 1956.

Defendeu tese de doutoramento, que foi desenvolvida no Instituto de Fisiologia Experimental, local em que atuara como monitor. Manteve intensa atividade associativa durante o curso, tendo sido presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite nos anos 1953-1954. Logo após a formatura, foi trabalhar como médico no interior do estado e permaneceu por um ano em Agudo, que então fazia parte do município de Cachoeira do Sul. Foi então chamado pelo professor Tauphic Saadi para atuar no Cadeira de Anatomia da atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Atuou como professor de Anatomia Humana da Universidade de São Paulo (USP), e foi convidado em 1963 a integrar o quadro docente da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, recém instalada, e na qual proferiu a aula inaugural com o título “Tendências atuais do ensino da Anatomia”. Lá permaneceu por dois anos.

Ao voltar para a cadeira de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolveu ensino da morfologia cada vez mais associada à função. Valorizava estudos topográficos e que seriam de muita importância para os cirurgiões de diferentes áreas. Suas preparações anatômicas de ouvido e de coração eram obras de arte, cuja contemplação final por vezes exigia a utilização de lupas. 

Até pela importância que atribuía à anatomia e ao funcionamento da audição, passou a exercer a medicina na especialidade de Otorrinolaringologia, e o fez com muito sucesso. Em 1969, ao lado do amigo Rudolf Lang, criou a Sociedade Brasileira de Otologia. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, passou da área da Anatomia para a da Otorrinolaringologia, e também foi pioneiro no ensino dessa especialidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Apaixonado pela história da primeira faculdade de Medicina de Porto Alegre, e terceira a se instalar no país (as duas primeiras foram criadas por D. João VI), passou a organizar os arquivos da mesma. 

Após aposentar-se, intensificou as pesquisas sobre a história do estado, da sua Medicina e de seus médicos. Escreveu um bocado sobre esses assuntos e fez muitas palestras, tanto na capital Porto Alegre quanto pelo Modesto, não aceitou candidatar-se a membro de instituições como o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, ou a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Palestrante e homenageado como Amigo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, fez importantes doações para o mesmo e que incluem, por exemplo, o único filme gravado ao vivo sobre manobras militares na Revolução de 1923.

Na Academia, fez importante palestra sobre o início da Faculdade de Sarmento Leite e suas crises e esteve sempre pronto a dirimir dúvidas quando consultado. Não se furtava a abordar temas polêmicos, como a degola e que examinava com conhecimentos anatômicos e funcionais da garganta e sua importância vital. Não por acas, foi escolhido como membro honorário da instituição. Em 2012, doou à Universidade Federal do Rio Grande do Sul diversos documentos, desde registros administrativos até noticiosos recortes de jornal. Casado com Maria Helena Kersting Amorim Letti, teve quatro filhos: Cláudio, Regina, Marília e Jaqueline.