Nasceu em 16 de março de 1932, em um sobrado na rua Duque de Caxias, na capital gaúcha. Foi o primeiro filho de uma família de quatro irmãos. Filho do médico Almir Alves e de dona Ludovina, Protásio atravessou a infância na zona rural, na chácara da Estrada da Cascata, no bairro Belém Velho (propriedade do avô materno, o advogado alagoano José de Almeida Martins Costa Jr.), onde na época lidava com cavalos. O gosto seguiu ao servir na Cavalaria do Exército (CPOR), incorporando de vez a vida no campo quando seu pai adquiriu uma fazenda no município gaúcho de São Jerônimo, no quarto distrito, conhecido por Quitéria.
Sempre foi muito ligado ao pai, que era médico, assim como o avô, Protásio Alves, que exercia a mesma profissão. Portanto, a tendência natural era seguir a carreira médica. Cursou o colegial no Colégio Anchieta (onde foi colega de classe do engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima); em 1950, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), formando-se médico em 1956.
Como relata, “comecei a trabalhar naquela época ainda em residência, pois a maioria dos médicos exercia atividades em São Paulo, na 10ª enfermaria da Santa Casa de Porto Alegre, que tinha o nome do meu avô, junto com meu pai, que era cirurgião. Depois, fui para a 31ª enfermaria, onde passei a me especializar em Urologia, sob a orientação do professor e médico Luiz Sarmento Barata”.
Em 1959, iniciou lecionando na Faculdade de Medicina da UFRGS, na cadeira de Técnica Operatória. Em 1960, quando casou com Dione, seu pai queria se desfazer das terras no quarto distrito de São Jerônimo/RS, em Quitéria, no chamado Passo da Cria. “Adquirida quatro anos antes, disse para ele não vender a propriedade rural da qual eu cuidava. Eu não sabia nada e comecei a perguntar para amigos agrônomos e veterinários para aprender sobre o campo. Eu andava a cavalo. O manejo do gado, das ovelhas, fui aprendendo com o tempo, com o auxílio de boas pessoas. Um capataz uruguaio me ensinou”.
Tornou-se uma referência na região de Quitéria ao clinicar na própria fazenda. “Não havia Posto de Saúde por perto, então as pessoas começaram a me procurar. Chegavam de carroça, carreta, a pé ou a cavalo. Certa vez, atendi 14 pacientes em um dia. Eu ia para lá pensando em descansar e acabava sendo meu outro consultório. No quarto de um galpão, montei um escritório de clínica geral e passei a trazer da Capital amostras de medicamentos grátis para oferecer àquelas pessoas que eram muito pobres. Até o prefeito da cidade me convidou para trabalhar lá, convite que recusei devido aos compromissos já assumidos. Em uma ocasião, trouxe uma menina com apendicite aguda diretamente para a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, para ser operada com urgência. Da mesma forma, em outra ocasião, uma pessoa com quadro de anemia e sangramento precisou de cuidados no hospital. Tratei muitas pessoas com os mais variados tipos de doenças, de forma gratuita”.
Entre as diversas homenagens que recebeu, guarda com especial carinho uma em particular. “Em certa ocasião, eu, minha esposa Dione, minha filha e um neto fomos convidados por moradores de Quitéria para um almoço em um restaurante à beira da estrada. Para minha surpresa, fui agraciado com uma linda homenagem pelas famílias rurais da região de Quitéria. Mais tarde, em 2010, também fui homenageado pela Emater/RS de Minas de Butiá”.
Foi professor em Urologia até se aposentar aos 70 anos, mas continuou orientando os residentes durante as cirurgias. “Peguei a compulsória e saí com a ‘expulsória’ do Hospital de Clínicas de Porto Alegre”, brinca ele.
Em 2020, contraiu Covid-19 e ficou doente, sentindo-se enfraquecido e achando que era hora de parar. “No dia 16 de março, meu aniversário, decidi fechar o consultório. Na fazenda, meu genro, que é veterinário, está no comando, administrando. Agora, eu só faço visitas”, recorda.
Em 2024, aos 92 anos, o urologista, cirurgião, professor universitário e também pecuarista foi escolhido por unanimidade como Membro Honorário da ASRM, por indicação do Acadêmico Luiz Augusto Pereira.
Aposentado e viúvo, pai de quatro filhos – Almir, Flávio, Ivone e Dulce -, avô de nove netos e bisavô de dois, exerceu a Medicina por 63 anos.