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Arte é essencial para humanizar a Medicina

Densa e abrangente; ampla e completa; didática e empolgante. Às qualificações expressas pelos assistentes, relativas à palestra da Presidente da ASRM, Miriam da Costa Oliveira, em live na noite de ontem (20), poderiam ser agregadas muitas outras. De fato, a exposição surpreendeu pela consistência da pesquisa, somada à vivência da médica com a temática proposta: “As intersecções entre Arte e Medicina”, constituindo uma abordagem diferenciada e inédita.

Também estimulou um caráter interativo, colaborativo. Um integrante da Academia de Medicina de Mato Grosso, entidade parceira no evento on-line, revelou um segredo adequado ao ambiente cultural promovido. O Acadêmico Gabriel Novis, de 90 anos, confidenciou que seu consultório, definido como dotado de terapia visual, foi transferido para sua residência em Cuiabá, preservando as inovações clínicas que cativaram seus pacientes. A partir de agora, a iniciativa do confrade mato-grossense será incorporada à apresentação, anunciou a palestrante.

Antes, durante 45 minutos, a professora ministrou uma verdadeira aula sobre a estreita vinculação entre medicina e arte, desde Hipócrates, em cujo famoso juramento constam alusões a divindades ligadas à saúde, como Apolo, Panaceia, Asclépio e Hígia.

A importância da relação da medicina com a arte foi aquilatada pela autora em três níveis, considerando os médicos, os pacientes e a formação dos futuros profissionais da saúde, que define como “essencial”. Nesse caso, a Dra. Miriam recorreu à própria experiência como primeira reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), onde foram valorizadas diversas expressões artísticas, como literatura, pintura, escultura, artes cênicas, museologia, dança e música, com a criação de um coral.

Ela também ilustrou a exposição com imagens produzidas ao longo do tempo sobre cenas médicas com obras de artistas consagrados, mas mostrou exemplos regionais, como a arteterapia em pinturas e bordados dos doentes do Hospital Psiquiátrico São Pedro e o design artístico do Hospital da Criança Santo Antônio, com painéis nas paredes e desenhos em portas extraídos do universo do poeta gaúcho Mario Quintana, descrito na obra Lili Inventa o Mundo. Citou ainda médicos-artistas, como o cirurgião Paulo Favalli, com sua elogiada obra em esculturas da série Homo Machina.

De acordo com ela, a arte desenvolve a empatia, incentiva a criação, reduz o estresse e colabora para a humanização dos médicos. Para os pacientes, a arte ajuda a reduzir o estresse, a desenvolver a expressão emocional, valoriza a autoestima e estimula a capacidade cognitiva.

A palestra foi assistida por médicos e acadêmicos do RS, Mato Grosso e Santa Catarina. Entre eles, o presidente da Academia do MT, Roberto Gomes de Azevedo; o Acadêmico Luiz Scala, da Comissão Científica da entidade; e a diretora da Faculdade de Medicina da capital do estado, Denise Abech, que foi aluna da palestrante em Porto Alegre.