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Cinco Academias de Medicina debatem atualizações da saúde em tempos de pandemia

Nem tudo foram mazelas provocadas pela pandemia da Covid 19, nestes anos recentes de isolamento social e distanciamento pessoal. Graças aos avanços tecnológicos da comunicação, acelerados nos últimos dois anos e meio, um encontro inédito, reunindo cinco Academias de Medicina do país, realizado neste sábado (26), atualizou temas importantes na área da saúde alterados substancialmente pela pandemia. Transmitida virtualmente, a partir das 8h30m,a reunião foi protagonizada por representantes das entidades de Minas Gerais,São Paulo, Paraná, Santa Catarina e a gaúcha Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM). Além disso, um palestrante manifestou-se diretamente de Toronto, no Canadá.

O evento, que chegou à quarta edição, iniciou em 2019, com o encontro presencial das instituições de São Paulo e RS, acolhendo, após, em formato virtual, Paraná e Santa Catarina.

Anfitrião, o presidente da ASRM, Luiz Lavinsky abriu as saudações, festejando o momento de confraternização acadêmica e de compartilhamento de diferenciados conhecimentos científicos.

O presidente da entidade paulista, José Luiz Gomes do Amaral, salientou o movimento “que floresce cada vez mais com o convívio dos encontros interestaduais”.

SAÚDE MENTAL

O acadêmico paranaense Jurandir Marcondes Ribas Filho antecipou o brilhantismo do ‘show’ que se verificaria durante o dia. Em seguida, apresentou o currículo profissional do palestrante representante da Academia Paranaense, Dagoberto Hungria Requião, sobre a “Saúde Mdental na Pandemia”. Especialista em dependência química, o psiquiatra Requião destacou que a saúde mental foi “absolutamente desconsiderada” no período pandêmico. “Todo o desastre é a parte submersa de um iceberg”, comparou, expondo o desenho de uma geleira, onde, abaixo do mar, se localizam os palpites leigos e fake news sobre saúde, o ódio social, a aprendizagem escolar interrompendo relações interpessoais, o abandono escolar, o poluído ambiente familiar com quebra do funcionamento dos pais ansiosos, a perda do ir e vir das crianças, o aumento do contato descontrolado com as redes sociais, o confronto direto com a morte, os sintomas depressivos de uma futura epidemia com aumento das tentativas de suicídio.”A situação é critica e seria necessário investir em saúde mental para criança e adolescente, mas não conheço nenhuma escola programa para estudantes e professores”, pontuou.

Não se pode minimizar também o estresse continuo no amiente do trabalho do médico sobrecarregado com o brutal aumento da demanda. Mesmo os colegas intensivistas, diante da elevação dos óbitos, padeceram com a situação do mesmo modo que os pacientes, que temem morrer.

EDUCAÇÃO MÉDICA

Abordando a “Educação Médica no Brasil”, o presidente da Academia de Medicina de São Paulo, José Amaral, contextulizou os 200 anos de ensino médico no país, cuja patriarca foi o pernambucano José Correa Picanço. O acadêmico salientou que a relação numérica medico/ habitande é próxiim do mundo com sistema de saúde desenvolvido.

Hoje o Brasil possui 388 cursos de medicina. Das mais de 41 mil vagas oferecidas 30 mil são privada com custo de mensalidade estimado média R$ 8.969,00. Isto significa um investimento anual médio de mais de R$ 107 mil. Em seis anos cada médico terá gasto R$ 645.768,00 e os 30 mil estudantes de faculdades pagas quase R$ 20 bilhões.
“Mas como há mais de 1 milhão de candidatos por ano, o ensino de Medicina continuará sendo um bom negócio que se expande, atrai grandes conglomerados educacionais e envolve pressões na politica, no governo e no parlamento”, sustentou.

Há um risco grave com a baixa qualidade da educação oferecida em alguns cursos e com médicos mal formados que serão protogonistas de catástrofes, por 40 anos que é media da vida util do profissional. Amaral defende que o processo de seleção de futuros médicos deve anteceder a faculdade; conter avaliação rigorosa e continua durante o curso com verificação anual; exame final do formando ao estilo da OAB e recertificação do profissional, a cada seis anos, como acontece como os motoristas de veículos automotores.

TRANSPLANTE DE PULMÃO

O correspondente internacional da ASRM radicado em Toronto, Canadá, o cirurgião torácico Marcelo Cypel, apresentou as “Novas Fronteiras no Transplante de Pulmão”. De acordo com ele, os avanços na prática, a partir da pioneira intervanção do dr. Joel Cooper em 1983, no Hospital Geral de Toronto, encaminham para a retomada dos mais de 200 transplantes anuais de pulmão no hospital canadense, reduzidos no periodo da pandemia, em função, também, da diminuição dos doares. “Uma marcante evolução ocorreu em 2009 com a primeira máquina de perfusão pulmonar extra corporea”,disse ele, ressaltando a importancia da recuperação de pulmões lesados para serem utilizados em transplante.Entre as novas técnicas está a irradiação ultravioleta (pesquisada em coonvênio com a USP) para remover virus do pulmão na hepatite C. Também já são utilizados a proteína para eliminar o virus latente e a conversão do tipo sanguíneo de órgãos, com a aplicação de enzima na perfusão de eliminando o tipo A fortalecendo ogrupo snaguineo B. Cypel afimou que se consolida um novo conceito de transplante de pulmão semi eletivo, sem urgência, que visa enfrentar a falta cirurgiões na América do Norte. Com a elevação da temperatura de quatro para 10 graus, pode-se atingir até 36 horas de preservação do órgão doador, evitando-se o transplante noturno, no qual até a sobrevida é pior. Informou que vislumbram-se novos horizontes, com o aumento de “centro de reparo de órgãos para transplantes. São hospitais sem pacientes, onde só hospedam órgãos para serem melhorados e o uso de drones para transportar pulmões para cirurgias, com cada vez maior autonomia de distancia de voo.

ESTRATÉGIA MINEIRA

Nova integrante do agrupamento que o presidente gaúcho Luiz Lavinsky chamou de ‘confraria’, a Academia Mineira de Medicina apresentou, nas palavras do acadêmico Geraldo Magela Gomes da Cruz, o planejamento estratégico da entidade. Ele também fez a saudação oficial da entidade, em nome do presidente Emerson Fidelis Campos que não pode participar.

“Após 52 anos o que a Academia de Minas Gerais quer?”, provocou ele, lembrando criação de selo e medalhas do cinquentenário, em 2019 e o lançamento de Atlas midiático com toda a história da instituição em seu jubileu de ouro.

Como 23 acadêmicos faleceram na pandemia e só quatro novos ingressaram no período, foi reduzido fortemente o número de confrades e confreiras ativas, considerando ainda que alguns já não moram em Minas Gerais. Magela da Cruz informou que uUma comissão de acadêmicos responsável pelo planejamento estratégico, traça o futuro abrangendo um cenário até 2024. Assim, esté projetada uma nova sede, em um terreno de 100 metros quadrados doado por três ex-presidentes, considerados benfeitores da entidade.

CANCÊR NA PANDEMIA

O presidente da Academia de Medicina de Santa Catarina, Luiz Alberto Silveira, tratou como palestrante, da “Atenção Oncológica em tempos de Covid 19″. Mas antes, no cargo presidencial, saudou a todos definindo-se como muito honrado em partilhar o encontro de participação à distância.

Vitima do virus levado à emergência hospitalar com fibrilação arterial – e com a esposa médica internada em UTI – o acadêmico disse que nunca tantos estudos foram feitos sobre a taxa de mortalidade da Covid aumentada em pacientes oncológicos, mas ainda é preciso estudos continuados, especialmente diante das tempestades de citocinas que ocorreram.

Há uma preocupação global com as pademias virais e a proteção da população com cindemias, em que se somam agravos com variadas repecussões, de psiquiatricas a laborais.

Estudo realizado em Milão,na Itália, reforçou a necessidade de garantia do tratamento prioritário para paciente oncológico pois o risco é duas vezes maior de adquirir a Covid 19 ao do paciente em geral menos vulnerabilizado.”Entretanto, no Brasil, a vacinação não mereceu o mesmo status de aplicação com prioridade, como ocorreu em outros países”, afirmou. De acordo com ele as novas vacinas com base em elementos genéticos ainda estão em estudo e levantam muito mais indagações que respostas.” A Omicron mudou sua agressividade? O futuro amendronta apenas os ignorantes ativos da desinformação da midia? Com que gravidade as novas variantes manterão a pandemia?”

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A integra do encontro está no YouTube, acessível pelo site da ASRM. Clique AQUI para ver o vídeo.