Geriatria e tuberculose foram os temas abordados no encontro
A programação científica da Academia Sul-Rio-Grandense do mês de outubro teve como convidados o geriatra e pneumologista, Eduardo Garcia, e o acadêmico Werner Paul Ott. Antes do início das palestras o Presidente da ASRGM, Gilberto Schwartsmann, saudou os presentes e fez questão de mostrar as fotos da viagem da comitiva ao Rio de Janeiro, onde antes da sessão da Academia Nacional de Medicina foram realizadas visitas ao Real Gabinete Português de Literatura e o Museu do Amanhã. Entre as lembranças deliciosas da viagem, está o show do acadêmico Arnaldo Costa Filho ao cantar músicas de Lupicínio Rodrigues.
“Geriatria: hoje e amanhã” foi o tema da palestra do doutor Eduardo Garcia, médico pneumologista – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e coordenador médico do Ambulatório de Pneumologia do Pavilhão Pereira Filho (ISCMPA). Ele abordou preceitos da geriatria e revelou que o Brasil é um dos países que envelhece mais rápido no mundo. Na proporção, o país tem 10,8% de idosos no total da população. Já no Rio Grande do Sul, o percentual é maior ficando em 13,6%. Neste cenário, as mulheres vivem mais e faze mais prevenção as doenças causadas pelo envelhecimento.
Outros aspectos avaliados pelo Doutor Garcia foram os desafios que os médicos possuem para o atendimento ao “novo idoso”. Segundo o Censo de 2010, 18 milhões de brasileiros possuem mais de 60 anos. Cerca de um milhão de pessoas cruza a barreira dos 60 anos de idade a cada mês. O médico pneumologista trouxa a jovem médica Chariel Iserhardt Ciochetta, que pôde complementar a exposição com dados reveladores. Entre eles, o de que a mortalidade de jovens idosos, entre 60 e 74 anos, vem caindo gradativamente. Também mostrou que, em 2010, os octogenários representavam 14,2% dos idosos e 1,5% da população geral. A previsão é que em 2030, eles representem 21% dos idosos e 2,7% dos brasileiros (5,5 milhões de pessoas). Entre as doenças mais comuns para esta faixa da população estão a Hipertensão, Hiperlidemia, doença isquêmica do coração e artrite.
A segunda palestra da sessão cientifica foi realizada pelo acadêmico Werner Paul Ott, com o tema “Tuberculose: um problema de saúde pública”. O especialista foi supervisor do Programa Estadual de Controle da Tuberculose do Rio Grande do Sul (PECT/RS), implantado de 1971 a 1974, e virou referência mundial no assunto. Desta época até meados dos anos 1980, o acompanhamento dos pacientes com tuberculose era centralizado no PECT/RS. O Doutor Ott relembrou seu primeiro contato com leituras sobre a tuberculose quando estava no segundo da faculdade de medicina. Durante o período do PECT/RS foram criadas 15 regiões sanitárias no Rio Grande do Sul, onde eram monitorados os casos de tuberculose. O Acadêmico Germano Bonow lembrou do período de trabalho ao lado do Doutor Ott, onde o material era coletado no interior do Estado e enviado por ônibus para Porto Alegre.
No próprio Sanatório Partenon, em Porto Alegre, o estabelecimento de rotinas, de metas, de critérios de avaliação traduzia-se em alto percentual de curas. O processo seguia uma lógica científica e administrativa, pensava não só nos doentes, pensava na população. Infelizmente, Porto Alegre é a capital com maior índica de tuberculose, especialmente a partir dos anos 1980 com a descoberta da AIDS. O doutor Ott relembrou algumas das principais causas da doença na época: baixa renda familiar, educação precária, habitação ruim/inexistente, famílias numerosas, aglomeração humana, desnutrição alimentar, etilismo e drogadição, infecções associadas, difícil acesso a saúde e serviços de saúde precários.
Ao final da palestra, o doutor Werner Paul Ott recebeu das mãos do Presidente uma foto do dia posse como membro da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina e foi aplaudido carinhosamente pela plateia.