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Depoimento com Acadêmicos – Dr. Adamastor Humberto Pereira

O doutor Armando Eggers, que atendia toda a família de Ataíde Pereira e Lourdes Maria Gomes Pereira, em São Leopoldo, foi a fonte de inspiração para o primogênito de quatro filhos do casal, nascido em Passo Fundo, em 20 de outubro de 1949, decidir-se pela profissão de médico na adolescência.

Assim, depois de concluir os estudos iniciais no Ginásio São Luiz e o curso científico no Colégio São Jacó, Adamastor Humberto Pereira dedicou-se à preparação para alcançar a aprovação, em 1968, no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na capital gaúcha, onde graduou-se em 1974. Durante o curso, a cadeira de Cirurgia atraía tanto sua atenção que passava as horas de folga dos estudos na enfermaria 13 da Santa Casa de Porto Alegre, assistindo, extasiado, às intervenções habilidosas de médicos como o Dr. Aldo Ciancio e o Dr. Rubem Gert Weiss.

A seguir, foi aprovado no concurso para Residência Médica em Cirurgia Geral. Depois de concluir os três anos em Cirurgia Geral, transferiu-se para São Paulo, onde completou sua formação, agora em Cirurgia Vascular, no Hospital das Clínicas da USP. Em 1980, fez estágio com os famosos professores Michael DeBakey e Stanley Crawford no Hospital Metodista da Baylor College of Medicine, em Houston, Texas.

Ao retornar a Porto Alegre, foi contratado, em dezembro de 1980, pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre para atuar como cirurgião vascular. Em 1985, prestou concurso na UFRGS, onde ingressou como professor assistente. Em 1989, concluiu seu curso de mestrado na UFRGS e, em 1996, o curso de doutorado na então Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. Durante os anos seguintes, observou-se um crescimento considerável no número de procedimentos vasculares no HCPA, mas ainda não se cogitava a criação da especialidade em Cirurgia Vascular sem vinculação com a Cirurgia Cardíaca. Em 1989, finalmente, foi aprovada pelo MEC a criação da Residência Médica em Cirurgia Vascular no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Após criar esse serviço inédito, ele exerceu sua chefia por mais de três décadas. Sua progressão no magistério chegou ao ápice quando foi aprovado como professor titular do Departamento de Cirurgia.

O acadêmico foi membro da Comissão de Pós-Graduação por duas vezes e assumiu a chefia por uma gestão. Nesse período, orientou dezenas de teses de mestrado e doutorado. Participou da publicação de mais de uma centena de artigos em revistas nacionais e internacionais e proferiu mais de 200 palestras em eventos nacionais e internacionais. Na área da pesquisa clínica, atuou como investigador principal em mais de 40 estudos prospectivos e randomizados. Foi membro do Colegiado do Departamento de Cirurgia por mais de uma década, eleito por votação de seus pares. Em 1996, introduziu a técnica endovascular para a correção dos aneurismas da aorta, implantando as primeiras endopróteses bifurcadas no Brasil.

Foi membro de sociedades médicas como a Society for Vascular Surgery, a European Society for Vascular Surgery e a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Exerceu ampla atividade na SBACV, participando de várias diretorias. Por mais de uma década, participou como membro do Conselho Científico e da Comissão de Avaliação para Obtenção do Certificado na Área de Atuação em Cirurgia Endovascular. No biênio 2010-2011, assumiu a presidência da SBACV-RS e, durante esse período, foi criado o Dia V da Consciência Vascular, através do projeto de lei 14.059, sancionado pelo governador do estado. Nesse biênio, também foi criada a Semana da Saúde Vascular, com várias ações em nível municipal e estadual.

Como reconhecimento por essas ações, recebeu do chefe do parlamento gaúcho a Medalha da 53ª Legislatura. Por essas atividades junto à SBACV, recebeu ainda a Medalha Ordem do Mérito René Fontaine, o mais alto galardão dessa sociedade.

Por insistência de colegas da Academia, como Santo Vitola e Luiz Job Jobim, Adamastor candidatou-se à vaga na ASRM em 2024 e foi eleito, em acirrada disputa com colegas igualmente qualificados, para ocupar a cadeira número 9, cujo patrono é Bruno Attilio Marsiaj.

Pescador amador, com predileção pelas águas da Argentina, e ex-jogador de tênis, que foi obrigado a abandonar o esporte em razão dos impactos nas articulações, diz que tenta aprender a jogar golfe, que considera um esporte muito difícil.

Em 1989, conheceu sua futura esposa, Elisabeth Araújo, então acadêmica de Medicina da UFRGS. O casamento ocorreu no ano seguinte. O casal tem dois filhos, Mariana e Alexandre, profissionais da área da saúde. A filha é especialista em cuidados paliativos, e o filho não só é cirurgião vascular como também é colega de consultório e realiza operações ao lado do pai no Hospital Moinhos de Vento, na capital.

Assista ao depoimento completo do Acadêmico no vídeo disponível abaixo.