Desde que o jovem, nascido no Hospital Moinhos de Vento, na capital, no dia 5 de abril de 1942, decidiu qual profissão seguiria, ele não tinha dúvidas: queria ser “um médico de aldeia”. Enfrentou resistências entre os próprios colegas quando reafirmou a escolha pela especialidade de Medicina Social, mas, determinado a obter o apoio da Fundação de Serviços de Saúde (FSESP), passou quase uma década no norte do país, atendendo na região amazônica.
Filho de Dora Mostardeiro Bonow e do juiz federal Germano Bonow Filho, conhecido por sua filiação política ao Partido Socialista Brasileiro, o jovem estudou nos colégios Roque Gonzales, Anchieta e Júlio de Castilhos, onde cursou o científico, preparando-se para o vestibular de Medicina na Faculdade Católica de Medicina, hoje UFCSPA, onde se formou em 1968. Posteriormente, concluiu a pós-graduação (1971) e obteve o título de mestre em Saúde Pública (1979) pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, além de um curso de Administração de Sistemas de Saúde na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, em 1974.
Em 1969, após graduar-se, Germano foi designado pela FSESP, do Ministério da Saúde, como médico chefe da Unidade Mista (hospital e posto de saúde) de Benjamin Constant, na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, e da Unidade Mista de Parintins, no estado do Amazonas. Nessa época, casou-se com Beatriz Paiva Bonow, com quem teve as filhas Laura e Fernanda Paiva Bonow.
De volta ao Rio Grande do Sul, chefiou o posto de saúde de Sapucaia do Sul, atuou como médico na Santa Casa e foi professor na Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia Madre Ana Moeller. Posteriormente, assumiu a supervisão do Complexo Técnico da Secretaria Estadual da Saúde.
Para o desapontamento de seu pai, Germano rejeitou a carreira política quando foi convidado pelo governador Peracchi Barcellos para ser secretário estadual da Saúde. “Imaginei que seria constrangedor aceitar o cargo, já que meu pai era de esquerda, ao contrário do governo de então”, conta ele. No entanto, foi o próprio pai que lhe deu uma reprimenda ao saber da recusa: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, meu filho”, vaticinou o juiz, errando feio. O raio caiu mais três vezes na jornada do idealista médico da aldeia que sonhava em servir na OMS.
Germano aceitou o posto quando foi novamente convidado pelo chefe do Executivo, o governador Amaral de Souza, para ser Secretário da Saúde e do Meio Ambiente (1979-1982) e, posteriormente, foi designado para o mesmo cargo pelo governador Jair Soares (1983-1986). Em 1995, reassumiu como Secretário da Saúde e do Meio Ambiente no governo Antônio Britto (1995-1998). Sua atuação na Secretaria é reconhecida por contribuir para a ampliação da estrutura da instituição, da rede de atenção à saúde, bem como para a execução de programas de saúde pública. “Fiz a minha parte”, disse ele ao intervir nos debates da reunião científica de junho de 2024 da ASRM, da qual é um participante ativo desde que foi convidado pelo Acadêmico Gustavo Py.
Germano participou do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS), que presidiu em 1983. Representou o Brasil, por decreto do Presidente da República, nas Reuniões da Organização Pan-Americana da Saúde de 1980 a 1984, em Washington, D.C., EUA, e nas Assembleias Mundiais de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, Suíça, de 1981 a 1984.
Em 1986, ingressou na Assembleia Legislativa, tendo sido deputado estadual por quatro legislaturas (1987-2002, PFL) e deputado federal por um mandato (2007-2011, PFL/DEM). “Também perdi outras vezes concorrendo para vice-prefeito da capital e vice-governador do estado”, contabiliza.
Durante a elaboração da Constituição Estadual (1989), apresentou 359 emendas e proposições. Foi relator da Comissão Temática de Defesa do Cidadão, Saúde e Meio Ambiente. Em 2010, como relator da Comissão Externa para Analisar Políticas Antidrogas, na Câmara dos Deputados, integrou missão oficial destinada a analisar as políticas sobre drogas adotadas em Portugal, Holanda e Itália. Foi titular na representação brasileira do Parlamento do Mercosul (2009-2011).
Escreveu, entre outros livros, “Na Fronteira da Medicina: Um Médico no Interior da Amazônia (1969-1970)”, em 2015, e “Moacyr Scliar: Medicina, Saúde Pública e História”, em 2021.
Assista ao depoimento completo do Acadêmico no vídeo disponível abaixo.