Pode-se dizer que, como todo ditado popular contendo um preceito moral, o código pessoal de conduta de Leandro Ioschpe Zimerman equivale a uma definitiva máxima de vida. “Modelos moldam pessoas” não é apenas um aforismo decorativo na trajetória deste Acadêmico. O pai, o psicanalista David Zimerman, foi seu principal exemplo de pessoa, pensador e profissional. A mãe, Guilhermina, conhecida como Guite, é um modelo de como ajudar os outros e de carinho e amor familiar. No entanto, os modelos não se restringem aos pais. Houve muitos outros ao longo de sua trajetória escolar e formação profissional.
Na faculdade de Medicina da UFRGS, onde ingressou em 1982, recorda dos médicos Matias Kronfeld (clínico) e Raul Hemb (cardiologista). Na residência, lembra de Jorge Pinto Ribeiro (cardiologista) e Jorge Gross (endocrinologista). E reverencia, na especialidade de Arritmias Cardíacas, os mestres J. Marcus Wharton e Andrea Natale, da Duke University.
Hoje, aos 60 anos, ele próprio é uma referência para os três filhos, que tem com a esposa, a arquiteta Adriana Bondar Zimerman, com quem namora desde os 15 anos e casou aos 25. O cardiologista André, o ortopedista Tiago e a psicóloga Aline seguem os passos do pai, tanto na vocação quanto no aperfeiçoamento nos Estados Unidos. Eles também compartilham momentos em eventos da área da saúde. Os três ainda colaboram no projeto de um livro que Leandro começou a esboçar com seu pai, de quem herdou o gosto pela escrita literária. (David escreveu 14 livros técnicos).
Não por acaso, Leandro guarda crônicas que, um dia, pretende reunir em livro. Ele já publicou uma obra de “semi-ficção”, tecida durante a pandemia e ambientada no balneário gaúcho de Atlântida, intitulada Férias no Meu Mundo: Uma História de Reflexões e Divagações.
Leandro nasceu em 21 de abril de 1964, no lar de David e Guite, e teve sua primeira morada na Rua Ramiro Barcelos, em frente ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde hoje é chefe do Setor de Arritmias Cardíacas. Coincidentemente, foi no mesmo local que concedeu esta entrevista gravada sobre sua trajetória. “Aqui no Bloco B do hospital havia um descampado onde eu jogava futebol todo dia, quando era guri”, relembra.
No Colégio Israelita Brasileiro, estudou praticamente toda a infância e adolescência, até prestar vestibular para Medicina na UFRGS, onde se graduou em 1987. No ano seguinte, 1988, ingressou na residência em Medicina Interna no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Em 1990, tornou-se médico contratado do CTI do HCPA. Em 1992, obteve o título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Em 1993, apresentou dissertação de mestrado em Clínica Médica-Cardiologia pela UFRGS e, no mesmo ano, foi para a Duke University, nos Estados Unidos, fazer doutorado-sanduíche e formação em Eletrofisiologia Cardíaca.
Ao retornar ao Brasil, em 1995, foi incorporado ao Hospital Moinhos de Vento e à Cardiologia do HCPA, para desenvolver o campo das Arritmias Cardíacas. Introduziu ou aprimorou várias áreas diagnósticas e terapêuticas, como o uso de registradores de eventos, o teste de inclinação com sensibilização, o implante de cardioversores-desfibriladores implantáveis e a ablação por radiofrequência. Ainda em 1995, apresentou sua tese de doutorado. É responsável pelos Setores de Arritmias Cardíacas do Moinhos de Vento, do HCPA e do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves.
Leandro iniciou como professor do Curso de Pós-Graduação em Cardiologia da UFRGS e, em 1999, tornou-se professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, onde é professor titular desde 2019.
Foi homenageado em diversas ocasiões como médico residente, médico contratado e professor da UFRGS, sendo paraninfo da turma de formandos de 2016/I da FAMED/UFRGS.
Em relação às pesquisas, apresenta dezenas de artigos originais, publicados em revistas de alto impacto, como The Lancet e JAMA Internal Medicine. Além disso, possui várias contribuições em diretrizes, capítulos de livros, editorias e publicações em anais de congressos. Suas obras já acumularam mais de 1.000 citações na literatura científica, e ele é convidado como revisor de revistas científicas nacionais e internacionais.
Foi presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (SOCERGS) em 2000 e, desde então, integra o Conselho Deliberativo. Em 2008-2009, presidiu a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) e o Conselho Deliberativo em 2020-2021. Também foi presidente do Comitê de Ética e Defesa Profissional da SBC em 2012-2013 e membro da diretoria da SBC em 2016-2017 e 2020-2021. É membro fundador da Latinamerican Heart Rhythm Society (LAHRS) e Fellow do American College of Cardiology (FACC) e da European Society of Cardiology (FESC).
Palestrante regular e membro de comissões científicas em congressos nacionais e internacionais na área de Arritmias Cardíacas e Cardiologia, Leandro foi presidente do Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas em 2007 e do Congresso Brasileiro de Cardiologia em 2019. Também participou da criação de diversos eventos científicos, como a Jornada de Arritmias Cardíacas do HCPA, a Jornada de Cardiologia de Bento Gonçalves e o “Além do Currículo”, que discute habilidades e qualidades não ensinadas na faculdade, como liderança, resiliência e empatia. Recentemente, foi escolhido presidente do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, a ser realizado em outubro de 2025.
Desde 2022, ocupa com orgulho a cadeira 12 da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM), onde encontrou um ambiente fraterno e de convivência prazerosa com colegas de excelência. A convite do então presidente Luiz Lavinsky, candidatou-se ao posto de acadêmico titular. “A ampla diversidade de ideias, conhecimentos e especialidades a que somos expostos consegue quebrar nossa rotina com pacientes, alunos e colegas da mesma especialidade. Desta forma, a Academia acrescenta e enriquece a todos nós”, afirma.
Assista ao depoimento completo do Acadêmico no vídeo disponível abaixo.