Pesquisar

EDUCAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE: Apesar da pandemia, é possível manejar a tristeza e tratar a depressão

Se especialistas como acadêmicos psiquiatras declararam-se ” enriquecidos com o que aprenderam” neste sábado (07/11/2020) certamente leigos que podem acessar o evento no YouTube podem ficar ainda mais contemplados com a palestra do médico Ives Cavalcante Passos, Novo Talento tutorado pelo acadêmico Flávio Kapczinski, na abordagem sobre a tristeza e a depressão na pandemia da Covid 19. De fato, a oitava aula do curso on line de Educação Social em Saúde, promovido pelo programa Novos Talentos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM), foi muito oportuna, didática e inovadora, no contexto, no conteúdo e no formato.

De início, Ives diferenciou a tristeza – emoção básica, importante e necessária-  da depressão, doença grave que pode levar à ideação suicida e mesmo até à consumação do atentado contra a própria vida. A tristeza é ‘normal’ e atinge a todos.
> Embora seja considerada tratável, a depressão vitimiza 38 milhões de brasileiros; porém só metade busca ajuda profissional e é tratada, de fato, até a alta médica, apenas em 6,25 % dos casos.

A pandemia intensificou emoções como medo, ansiedade e angústia, potencializados pela elevada exposição às notícias negativas da mídia e das redes sociais, pela crise econômica, pelo isolamento e distanciamento social e pelas informações contraditórias das autoridades da saúde pública, transmitindo insegurança à população.

O psiquiatra listou sugestões para se encarar a agudização da tristeza, valorizando o quesito ‘atividades’, principalmente os exercícios físicos, mesmo sem motivação prévia, assim como a yoga e a meditação simples individual e guiada em grupo. Cuidar do sono é essencial, do mesmo modo que organizar os afazeres e reservar tempo para o autocuidado. Mesmo a espiritualidade e a religiosidade ajudam, em muitos casos.

O palestrante ainda revelou resultado estudo ainda não publicado do grupo de pesquisa do qual participa em que a sensação de solidão foi prevalente na ideação suicida constatada na quarentena. Ives citou uma frase do filósofo grego Epicteto para explicar que “é interpretação do indivíduo para o fato, o que mais importa”. Morar sozinho, por exemplo, não indica obrigatoriamente sentimento de solidão.

Na referência aos tratamentos disponíveis contra a depressão, Ives mencionou psicoterapias, medicamentos novos já aprovadas pelo FDA do Estados Unidos e na Anvisa brasileira, assim como mecanismos tecnológicos, apps por smartphone, neuromodulação e uso de capacetes de Led para estímulos de regiões do cérebro.

Após a abrangente exposição do dr. Ives, Kapczinski usou seu tempo de comentários propondo novos questionamentos ao palestrante, apresentando indagações dos participantes no chat e convidando colegas, como os acadêmicos Sérgio de Paula Ramos e Paulo Belmonte de Abreu para ampliar o compartilhamento de seus conhecimentos clínicos.

Suscitada por Kapczinski, a aceleração da telemedicina e os avanços tecnológicos durante o isolamento social imposto pela pandemia foram discutidos também. “A telemedicina veio para ficar, sem a menor dúvida”, afirmou Ives, ressalvando que há casos em que o atendimento presencial é indispensável, especialmente para o profissional aferir a linguagem corporal do paciente com transtorno mental que não é diagnosticado em exame de imagem nem de laboratório, mas somente na análise clínica do médico.

A íntegra da soitava aula do curso está no YouTube, acessível AQUI