Depois da empreitada intelectual de ler 25 mil documentos e escrever 1.150 páginas para elaborar o livro “Pessoa, uma biografia” finalista do Prêmio Pulitzer do ano passado, o escritor norte- americano Richard Zenith afirma que “certamente saiu menos normal do que era”.
Nem por tão impressionante dedicação ao estudo da vida e da obra de Fernando Pessoa, Zenith atreve-se a dizer que desvendou mistérios e que entende o poeta mais universal de Portugal. “Sem dúvida, lendo Pessoa e seus heterônimos todos ficamos impactados em nossas certezas”, sustentou Zenith desde Lisboa, onde mora, ao participar da Sessão Cultural da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM), na noite desta terça-feira (22).
Alcoolista e sem relações consumadas com mulheres, Pessoa normalmente pode ser visto como um homem amargo, solitário e mal humorado. Mas, através de facetas de sua personalidade desenvolvidas nos heterónimos, apresenta-se como um faceiro piadista do porte de Gaudêncio Nabos um viajante mundano como Álvaro de Campos ou mesmo com homossexualidade incontida de António Botto, um personagem imerso na dúvida se amigo real ou mais um heterônimo.
– Ele tinha medo de mulheres? -indagou, direta, a mediadora, a jornalista Tânia Carvalho.
– Sentia-se intimidado, sim, com mulheres vistosas e bonitas, respondeu o palestrante, acreditando que tinha certo ‘remorso’.
Mesmo sua morte precoce, aos 47 anos, não tem uma causa reconhecida como definitiva e insofismável. Não se descarta cirrose, pancreatite ou obstrução intestinal, como consta do atestado de óbito.