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Livro resgata legado dos patronos da Academia de Medicina

A história da medicina gaúcha está impregnada até mesmo na imagem da capa da obra que saúda trajetórias pessoais de médicos destacados na profissão inspirando gerações posteriores de colegas e ascendendo à dimensão de patronos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM) fundada há 32 anos, ungindo 58 homens e duas mulheres.

Organizado pelo diretor de Memória da Medicina Rio-Grandense da entidade, acadêmico Paulo Prates, com edição da AGE e parceria de entidades médicas como a Unicred, a estampa repetida na contra-capa do livro de 210 páginas lançado nesta semana em reunião da entidade recupera a importância da “Enfermaria do Cerrito”, construída entre 1880 e 1883 no Destacamento Militar de Jaguarão, em uma colina de localização fronteiriça estratégica na Guerra de Tríplice Aliança que exigia cuidados médicos de oficiais e soldados feridos em batalhas, das praças de Bagé e arredores.

“Verdadeiros ícones da medicina gaúcha”, como define o presidente da Academia Luiz Lavinsky em sua mensagem de apresentação, “modelos identificados por seu profissionalismo e admirados por sua trajetória ética” são oriundos de diversas localidades gaúchas. Nasceram em Porto Alegre, Santa Maria, Alegrete, Pelotas, Cachoeira do Sul, Caxias do Sul, Santana do Livramento, Quaraí, Santana do Livramento, Bagé, Palmeira das Missões, Taquari. Uruguaiana, Tupanciretã, Rio Pardo, Rosário do Sul, São Gabriel, Cruz Alta. E também, estados brasileiros como Pernambuco, São Paulo e Ceará e mesmo em cidades do exterior, como Nova Iorque,nos EUA.

Possuem, em geral, formação acadêmica obtida no Rio de Janeiro e a Bahia, além de estudos e práticas de aperfeiçoamento adquiridos na América Latina, sobretudo na Argentina, e em países da Europa, centros em que a medicina era mais avançada. Naturalmente foram protagonistas na construção dos primórdios do ensino e da estruturação hospitalar do estado.

O legado de Eduardo Sarmento Leite da Fonseca, por exemplo, é evocado na própria denominação extra-oficial do prédio da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul conhecido como “Casa de Sarmento”.

Em muitos casos os médicos compatibilizaram também jornadas renomadas, como literatos do quilate dos escritores Aureliano de Figueiredo Pinto e Dyonélio Machado. Ou políticos com representação parlamentar ou mesmo integrantes do poder executivo. Nominam vias, praças, hospitais e escolas como Mário Totta,Raul Pilla, Elyseu Paglioli, Heitor Annes Dias, Protásio Alves, entre outros vultos insígnes da sociedade.

Ocupantes das cadeiras números 23 e 46,respectivamente, as médicas Estela Budianski e Maria Clara Mariano da Rocha, ambas nascidas em Santa Maria,no início dos anos 1900 destacaram-se ainda pelo pioneirismo de gênero.
Conforme sublinha no prefácio, o ex-presidente da Academia, Carlos Gottschall, “cada um dos patronos foi escolhido por um membro fundador da ASRM, exaltado não só pelo mérito científico e profissional de suas realizações e de suas ações, mas principalmente pela aura de humanismo e probidade com que exerceram a nobre missão de ser médico”.