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Mitos e verdades sobre a Medicina do Egito Antigo


As pesquisas sobre o Egito Antigo, que avançam com a melhoria da condição econômica do país, amparadas nas inovações tecnológicas usadas nas buscas arqueológicas, vão revelar, cada vez mais, fantásticas maravilhas da civilização que viveu mais de 10 mil anos na era antes de Cristo. A previsão entusiasmada é da especialista em estudos egípcios, Margaret Marchiori Bakos, que palestrou na Sessão Cultural da ASRM desta terça-feira (18), sobre mitos e verdades da medicina no Egito Antigo. “Nessa cultura, mito e a verdade estão interligados como a magia e a ciência”, acentuou ela.

Com um amplo e consistente currículo profissional apresentado pelo Acadêmico Cláudio Marroni, diretor de Cultura da entidade, a professora de História da UFRGS, pesquisadora, escritora, articulista e autora de vários livros ministrou uma verdadeira aula sobre o tema, levando o Acadêmico Germano Bonow a manifestar sua satisfação pelo rico aprendizado proporcionado em mais de uma hora na live transmitida pela plataforma Zoom.

De fato, a professora Margaret traçou um didático panorama, resgatado em registros de escrita e ilustrações, encontrados em papiros, testemunhando o trabalho de práticas curativas de médicos, sacerdotes e mágicos – que misturavam ciência e magia para estudar anatomia e fisiologia, diagnosticando doenças que tratavam, com preces aos deuses, purgantes, fumigações e remédios importados como açafrão e sálvia e intervenções cirúrgicas. “O parto feito de cócoras, com a grávida amparada por duas mulheres, era um evento alegre, com ambiente florido, com cantos e danças”, disse Margaret. O povo também conhecia métodos anticoncepcionais elaborados com uma mistura de esterco de crocodilo, mel e folhas de açafrão.

De acordo com a egiptóloga, a técnica da mumificação cumpria um ritual que colaborava para o “fenômeno extraordinário” da descoberta do funcionamento do organismo humano, comparado ao fluxo de canais de irrigação, cujo ponto central era o coração. Extraídos do corpo falecido, o pulmão, o fígado, as vísceras e o estômago eram colocados em quatro vasos canópicos distintos, identificados como Filhos de Hórus, com formatos de homem, símio, chacal e falcão e vinculados a nomes de divindades e aos pontos cardeais, que resignificavam mitologicamente a continuidade da vida após a morte. Preservados por 70 dias em uma substância chamada natrão, os órgãos vitais eram recolocados no corpo então costurado para o enterramento definitivo.

A apresentação na íntegra pode ser acessada no YouTube.