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PRÊMIO ACADEMIA 2020: Referência em transplante pulmonar é o agraciado deste ano

O médico, pesquisador e professor gaúcho Marcelo Cypel foi homologado pela Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM) para receber o Prêmio Academia 2020, na reunião de aprovação da indicação, na manhã de hoje (28/11/2020), no último encontro do ano da entidade. A entrega presencial da láurea, conforme o presidente da ASRM, Acadêmico Carlos Henrique Menke, vai depender dos limites impostos pela pandemia da Covid 19.

Em Toronto, onde vive desde 2005, o porto- alegrense de 43 anos tem feito um trabalho de repercussão internacional sobre a recuperação de pulmões para transplantes. Um dos projetos que desenvolve inclui uma máquina que trata o pulmão fora do corpo, fazendo com que um órgão sem condições de ser utilizado possa ser transplantado a partir desse tratamento. O outro, mais recente, envolve um irradiador de luz ultravioleta que elimina vírus de pulmões infectados, permitindo que os órgãos sejam transplantados. Com essas iniciativas, o número de transplantes dobrou em Toronto e aumentou em 30% na América do Norte e na Europa.

Atualmente, Cypel é professor de Cirurgia, cirurgião torácico e de transplantes de pulmão e chefe do Serviço de Transplantes da Universidade de Toronto, que possui o maior programa do mundo de transplante de pulmão e o maior centro de transplante de todos os órgãos da América do Norte. Além disso, ele está à frente de um laboratório de pesquisa sobre pulmão.

Durante a reunião virtual deste sábado, os participantes fizeram elogiosas manifestações às qualidades profissionais e pessoais de Cypel. O Acadêmico Darcy Ribeiro Pinto explicou que o indicou por sua sólida formação, produção científica, caráter e relação com o RS – do qual é considerado embaixador informal no Canadá. Neste sentido, também foi lembrado por sua atuação solidária junto às vítimas do incêndio da Boate Kiss em Santa Maria, em 2013, quando veio do Canadá para auxiliar os colegas médicos.

Conferência científica

Na reunião derradeira da Academia, que contou a participação do diretor do Sindicato Médico do RS, Ricardo Pedrini Cruz, o Acadêmico Cleber Dario Pinto Kruel apresentou a conferência científica intitulada “O câncer de esofago e o gaúcho”, abordando esta doença que nosso estado lidera em frequência. Sem esconder a cuia de chimarrão e a garrafa térmica da câmera do computador em que compartilhou sua imagem, o especialista afirmou que o vilão do câncer não é o mate, como alardeia o mito, mas a água superaquecida. O diagnóstico é singelo: “Se a água queimar o dedo vai queimar também o esôfago”, simplificou. Porém, o maior dano deve ser atribuído ao tabaco, especialmente se associado à ingestão de álcool. Mas ainda existem outras drogas nocivas, algumas novas que sequer foram pesquisadas e preocupa também o uso ascendente de cigarros eletrônicos. De todo modo, os avanços da Medicina proporcionam diagnósticos mais precoces e tratamentos menos invasivos que as cirurgias. O médico garantiu que “os resultados do tratamento do câncer de esôfago para o ‘povo gaúcho’ são equivalentes aos dos melhores centros médicos do mundo”.  Após a exposição seguiu-se uma animado e proveitoso debate entre os médicos, que Menke definiu como “magnífico intercâmbio de idéias de luminares da profissão”.

Brahms e Bernstein

O presidente ainda fez considerações sobre o contexto da Academia no ano atípico e histórico da pandemia em que completou três décadas. “Adaptada à nova realidade virtual, a entidade realizou mais reuniões e com maior quórum do que os encontros anteriores presenciais”, constatou Menke. E,ao final do encontro, brindou os participantes com um vídeo com a execução musical da Sinfonia Número 1 de Johannes Brahms pela Orquestra Filarmônica de Viena e com condução apoteótica do maestro Leonard Bernstein, que todos aplaudiram emocionados de dentro de suas pequenas telas na plataforma do Zoom