Pesquisar

Reunião Científica da ASRM aborda Avanços Médicos e Desafios Éticos na Fronteira da Medicina

À excelência científica das exposições agregou-se uma diversidade singular que abrilhantou a reunião do último sábado (26) da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina no auditório do CREMERS. Sob a presidência interina do vice-presidente, Acadêmico Darcy Ribeiro Filho, que dividiu a coordenação com a Dra. Fabíola Perin, Presidente da Sociedade Torácica do RS e integrante do Programa Novos Talentos da ASRM, o painel abordou “Avanços na Fronteira da Medicina Contemporânea”.

No tema “Tumores hepáticos malignos”, o primeiro painelista, Acadêmico Antonio Nocchi Kalil, recorreu à lenda mítica grega da águia que diariamente devorava o fígado do titã Prometeu, para aludir à regeneração do fígado, que também se observa em intervenções cirúrgicas. “Na realidade, o fígado não se regenera, mas aumenta de tamanho a partir da operação que extrai a parte ferida”, esclareceu. De acordo com ele, um terço dos doentes com cirrose deverá contrair carcinoma hepatocelular. A boa notícia é que já existem vários tipos de terapias para o tratamento sistêmico, da quimioterapia aos procedimentos menos invasivos, passando pelo uso da robótica e até o transplante do órgão.

Chamando a atenção de colegas pelo sotaque pernambucano, o psiquiatra nascido em Recife, Ives Cavalcanti Passos, que também é Novo Talento da ASRM, destacou-se pela consistência da apresentação sobre “Oportunidades e limitações da Inteligência Artificial na Medicina”, que inclui participação em pesquisas internacionais. Uma delas investiga parâmetros para antecipar diagnósticos futuros de pessoas com transtorno bipolar ou tendência ao suicídio. Um estudo piloto, baseado em cartas e diários da escritora Virginia Woolf, analisa palavras-chave escritas por ela em períodos diferentes, como 60 dias antes de suicidar-se. Com o teleatendimento e os aplicativos que os médicos utilizam em um cenário irreversível de machine learning e ChatGPT, o potencial é infinito. Mas há limitações: é preciso mais testes, padronização e regulamentação, salienta ele, advertindo sobre o dilema ético da Inteligência Artificial e o surgimento de novas “doenças digitais”, com patologias oriundas da adição às mídias sociais.

Falando sobre “Colesterol e dislipidemia: onde estamos e onde queremos chegar”, um dos mais jovens palestrantes de encontros similares da Academia, André Zimermann, de 32 anos, condenou o uso da expressão “colesterol bom”, obtendo pronta adesão do Acadêmico Cláudio Telöken, que prometeu abolir definitivamente o termo de seu vocabulário médico. O Dr. André afirma que o HDL-C é “só um marcador de risco” e não serve para balizar tratamentos. Ele baseia-se em novas evidências de estudos e pesquisas recentes para rejeitar conceitos antigos sobre o que são níveis normais de colesterol LDL-C, registrado em excesso na população. Se 150 mg/dL, 130 mg/dL e 100 mg/dL já foram indicadores-limite, hoje o índice desejável é abaixo de 40 mg/dL. “Graças à genética, o futuro já chegou no tratamento para evitar danos cardiovasculares”, afiança. “É questão de tempo para haver um efeito transformador e se chegar à cura integral.”

Assista às palestras completas do evento no link abaixo: