O fotógrafo gaúcho Ricardo Chaves, 70 anos, percorreu o mundo registrando acontecimentos com valor jornalístico estampando capas e páginas de jornais e revistas brasileiras, durante mais de meio século.
Kadão, como é mais conhecido, contou na Sessão Cultural da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM), da tarde desta terça-feira (14), como exerceu a profissão desde a década de 1970 até início dos anos 2000, quando as câmeras fotográficas dos aparelhos celulares popularizaram a fotografia e as redes sociais mudaram a comunicação tornando-a quase instantânea. E ele considerou que a época de ouro do fotojornalismo estava terminada e sua demissão era iminente.
Graças, entretanto, a um convite da direção do jornal Zero Hora (onde começou a carreira como repórter fotográfico e encerrou como editor da área de imagem após cerca de 20 anos) ganhou um novo espaço: para satisfação dos leitores que admiram a preservação da memória histórica, Kadão passou a ser responsável pela página do Almanaque Gaúcho.
Depois de morar no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, voltando em 1992 a Porto Alegre, sua terra natal, atualmente Kadão dedica-se integralmente à atividade diária da elaboração da página como um historiador preocupado em envolver os leitores, que inspira-se no legado de Sérgio da Costa Franco, sua fonte permanente de consulta.
Para ele, a mudança de rumo na profissão era inevitável com as inovações tecnológicas contemporâneas. “Sempre evitei os estúdios pois gostava mesmo de ir às ruas para captar imagens. Hoje, as fotos chegam na redação enviadas por leitores, fotógrafos amadores, assessores de imprensa e, assim, os fotógrafos profissionais passaram também a filmar para TVs e sites, o que tornou veteranos como eu em dinossauros”, disse ele.
A jornada do fotojornalista que acompanhou autoridades como presidentes da República, a seleção brasileira e clubes de futebol em praticamente todos os continentes, por mais de 50 anos, descrita no premiado livro autobiográfico “A força do tempo”, foi resumida por ele de forma fluente e eloquente para os acadêmicos e participantes da live convidados do presidente Luiz Lavinsky e da diretora cultural acadêmica Miriam da Costa Oliveira. Todos os que assistiram deram claras demonstrações de apreço e fascínio pela trajetória narrada por Kadão, que documenta também a própria história recente do Brasil.
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