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SESSÃO CULTURAL: Desvendando a beleza abstrata do segredo das pedras

Lúcio Spier estudou sociologia, fez mestrado em medicina social no México, formou-se em medicina na UFCSPA, especializou-se em psicoterapia e dependência química e ainda é, também, um artista, escultor que confessa se emocionar a cada desvendar da beleza abstrata nas pedras em que trabalha, respeitando-lhes o veio natural, mas aperfeiçoando o acabamento refinado da peça final.

Por conta dessas condicionantes especiais, a Sessão Cultural da ASRM desta terça-feira (21) foi uma harmoniosa apresentação mesclando arte, cultura e humanismo. Não há dúvidas, para Spier, que a medicina contribuiu decisivamente para consolidação pessoal da temática que abordou “A trajetória de um médico à escultura abstrata.” Como explicou na sessão online, a medicina empresta ao artista, desenvolvimento da observação, metodologia, planejamento, desafios e equilíbrio. E até a administração de frustrações.” Lembro da época em que trabalhei no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com pacientes aidéticos que iriam a óbito e que não se podia fazer nada”.

Spier deu aula sobre os tipos de pedras que os escultores usam, do maciez do talco à dureza do diamante; falou sobre os equipamentos que utiliza, máscaras, tapa ouvidos, furadeiras, lixas, aparelhos de compressão a ar e água; e detalhou o processo lento e laborioso de entalhar. A operação começa, a partir de uma maquete inicial em argila que antecede a impressão em 3D de fotografia digitalizada e a obra que vai surgindo afinal de blocos de basalto, mármore, pedra sabão e pedra grés, quartzo, granito.

Aluno desde 2015 do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, cujo mentor é o historiador de arte, curador e pesquisador e escultor José Francisco Alves, Spier se assumiu como escultor neste período. Mas já em 2008, recebeu apoio e influência do artista Hidalgo Adam, em cujo estúdio muito aprendeu.

Por gratidão similar, não esquece de mencionar os inspiradores de sua jornada. Deve a um tio e ao irmão, profissionais médicos, a decisão do ingresso nos estudos da Medicina

Valoriza o apoio da esposa Nara Fogaça e agradece à mãe o legado da habilidade manual. Ela sobreviveu no campo de extermínio de judeus em Auschwitz graças à extrema sensibilidade no cerzir das vestimentas dos soldados nazistas, o que evitou os brutais trabalhos forçados com que os prisioneiros se esvaiam até a morte.

Spier não precisa recorrer à sua habilidade para sobreviver, como a mãe durante o holocausto. Pode dedicar o talento artístico dos chamados ‘domadores de pedras’ para extrair beleza e entendimento dos segredos das pedras.

Clique aqui e confira a palestra completa do sociólogo e escultor Lúcio Spier.