O diretor de Memória da Medicina Riograndense da ASRM, Acadêmico Paulo Prates, não economizou elogios, expressando admiração pela apresentação da primeira Sessão Cultural da Academia em 2024, realizada pelo médico e escritor Antônio Cardoso Sparvoli, gastroenterologista e professor de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), da cidade de Rio Grande. Agradecido, depois de discorrer na temática “A Mandrágora e eu”, no encontro on-line desta terça-feira (19), respondeu com simplicidade. “É paixão”, afirmou, convicto. “Quanto mais eu me aprofundo na história da Medicina e de personagens fantásticos que a construíram, mais eu me apaixono”.
Às manifestações de apreço similares recebidas ao final da sessão, somou-se um convite inesperado, formulado com um ano de antecedência: o Acadêmico José Camargo convidou o colega para palestrar, em 2025, no Curso de Extensão de Medicina da Pessoa, que ele coordena, em uma parceria de ensino com mais de 30 faculdades de Medicina e quase 1000 inscritos.
De fato, foi uma exposição completa sobre detalhes dos avanços da Medicina e a atuação de médicos, especialmente no que chama de “fascinante século XIX”, ilustrada por uma notável galeria de pinturas de autores famosos do porte artístico de Picasso e Rembrandt. Sparvoli contou que começou a definir seu trajeto de escritor quando decidiu fazer uma homenagem à faculdade de Medicina da FURG em seu cinquentenário, elaborando o livro “Da Mandrágora à Penicilina – A Extraordinária Revolução da Medicina Científica – 1800 a 1920”, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre de 2017.
Dividido em 12 capítulos, o livro de Sparvoli trata do nascedouro dos construtores da medicina científica; dos curadores do século XIX; do surgimento da anestesia; da era de ouro da cirurgia; do ingresso das mulheres na medicina; do desenvolvimento das especialidades; da viagem ao fundo do inconsciente; da escola dos clínicos e dos misteriosos raios-X. Com a obra de 500 páginas, ele queria homenagear os ancestrais e valorizar a Medicina em um momento que considera crítico no ensino da profissão com muitos estudantes desanimados. (Inclusive em 2016 quando foi paraninfo de uma turma de novos médicos imprimiu apenas 100 exemplares de outro livro exclusivo para os formandos) “O livro é um mergulho em uma época fascinante da história da medicina, desde o espantoso século XIX até as proximidades dos trepidantes anos 20 do século passado”, diz ele. “Esse período alberga um grande salto no conhecimento médico, um grande empuxo que nos tirou de um relativo obscurantismo médico para a uma fase sem igual – a medicina moderna”.
Encantou-se, cada vez mais, com o que aprendeu, e ainda aprende, pesquisando desde os primórdios sobre plantas místicas e medicamentosas, pestes, epidemias, mortandade e vultos da dimensão de Freud, Pasteur, John Hunter, Tulp, William Morton, Osler, e a pioneira Elizabeth Blackwell, entre muitos outros.
Neste trajeto rememorativo dos acontecimentos médicos, ele escreveu, em 2018, “Liquefeitas Rosas Vermelhas – Origens Da Medicina Científica No Brasil – 1800-1920”.