Durante a apresentação da Sessão Cultural da ASRM, nesta terça-feira (16), o Prof. José Roberto Goldim avisou que havia recorrido a uma providência essencial para evitar a indesejada intromissão de uma máquina falante em sua palestra. “Eu desliguei a Alexa para evitar que se manifeste ao ouvir seu nome!”, advertiu o biólogo, formado em História Natural, que é uma referência em bioética e especialista em IA, dando uma ideia da dimensão da Inteligência Artificial na vida rotineira contemporânea.
Para chegar a estes dias atuais, abordando o tema “Inteligência Artificial e Saúde”, o convidado do Diretor Cultural, Cláudio Marroni, traçou um panorama histórico desde os primórdios da evolução do sonho do homem de inventar “máquinas que pensam”. Recuou até o ano de 1770, quando um mecanismo que jogava xadrez chamado O Turco virou atração antes de revelar-se uma fraude do inventor Wolfgang von Kempelen, pois na realidade um jogador profissional de xadrez ficava escondido dentro da máquina.
Depois de várias experiências sérias buscando “máquinas humanizadas” ao longo do tempo, notabilizando expressões como “cérebro eletrônico” e “razão artificial”, em 1996, a IBM criou o computador Deep Blue que desafiou o campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, para disputar seis partidas e venceu duas delas. No segundo duelo, em 1997, desconfiou-se de alguma farsa com a participação remota de três profissionais clandestinos auxiliando secretamente o computador, e Kasparov abandonou o jogo.
O homem foi criando máquinas, computadores, aplicativos, celulares, redes sociais… Em 2022, surgiu o Chat GPT… Agora, em 2024, o Google surpreende com o Gemini, com capacidade estimada em 100 vezes superior ao GPT.
O palestrante ainda falou sobre os benefícios da IA na área da saúde, como as cirurgias robóticas e o auxílio de máquinas no registro em prontuários e na tomada de decisões. “A máquina não hesita, o que é característica do ser humano”, observou, lembrando lados positivos e negativos também. “Usada como arma de guerra, a IA não hesita em lançar míssil que vai matar crianças”.
Ele concorda com a ideia que compara o conhecimento da Inteligência Artificial com a necessidade do letramento em inglês de duas décadas atrás, como condição imprescindível para os próximos tempos que, aliás, já vivemos, incorporando assistentes virtuais como a Alexa, desenvolvida pela Amazon, utilizada pela primeira vez como sistema embarcado nos alto-falantes inteligentes Echo. E que muda também o próprio conceito, abordagem, diagnóstico e tratamento em saúde, impondo reflexões éticas ao médico e à humanidade. “Nosso futuro é uma corrida entre o crescente poder da tecnologia e a sabedoria de como utilizá-lo”, afirmou, citando o renomado cientista Stephen Hawking.
Clique aqui e confira a palestra completa do Prof. Goldim.