Mortalidade por câncer têm diminuído nas últimas décadas, entretanto, muitos cânceres ainda são diagnosticados tardiamente, com mau prognóstico. O rastreamento para o diagnóstico precoce pode salvar vidas, pois o tratamento em geral é mais eficaz nas fases precoces do que nas tardias da doença. A situação pode ser mais eficiente quando se detecta uma lesão benigna, que é removida e se impede sua evolução maligna.
O câncer do intestino grosso (câncer colorretal) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo.
O câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais comum e a quarta principal causa de morte por câncer. Em 2020 houve cerca de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas a essa doença. O câncer colorretal tem uma incidência crescente em países industrializados e está associado a fatores de risco como dieta pobre em fibras e rica em gordura, sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, idade maior de 50 anos, predisposição genética, especialmente em casos familiares e hereditários.
A colonoscopia é um procedimento diagnóstico e terapêutico essencial para a profilaxia e detecção precoce do câncer colorretal. Ela examina a mucosa do intestino em busca de pólipos ou lesões suspeitas, em geral benignos. Alguns pólipos, entretanto, com o tempo podem crescer e ter alterações celulares que os tornam malignos. A remoção de pólipos durante a colonoscopia pode prevenir a progressão para o câncer ou detectar o câncer em estágios iniciais, aumentando as chances de cura. A colonoscopia é recomendada como parte de programas de rastreamento para indivíduos com risco médio a alto de desenvolver câncer colorretal. A detecção precoce por meio da colonoscopia pode reduzir a incidência e a mortalidade dessa doença, bem como diminuir os custos associados ao tratamento em estágios avançados.
Qual a importância Genética no câncer colorretal?
O câncer colorretal é uma doença complexa que pode ser influenciada por fatores genéticos hereditários e mutações adquiridas ao longo da vida. Entender a importância genética nesse tipo de câncer é essencial para a prevenção, detecção precoce, prognóstico e tratamento eficaz.
Aproximadamente 5% a 10% dos casos de câncer colorretal têm uma base genética hereditária bem definida. São as chamadas síndromes de predisposição ao câncer colorretal, como a polipose adenomatosa familiar (PAF) e a síndrome de Lynch (ou câncer colorretal hereditário sem polipose – HNPCC). Nessas síndromes, as pessoas herdam mutações em genes específicos que aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer colorretal em uma idade mais jovem e com maior frequência.
Identificar indivíduos com história familiar de câncer colorretal ou com suspeita de síndromes hereditárias é fundamental para aconselhamento genético, rastreamento mais rigoroso e medidas preventivas, como a realização de colonoscopia em idades mais jovens e a consideração de cirurgias profiláticas em alguns casos.
Importância das mutações adquiridas.
A maioria dos casos de câncer colorretal é esporádica, ou seja, não está relacionada a síndromes genéticas hereditárias, mas ocorre devido a mutações somáticas adquiridas ao longo da vida. Essas mutações ocorrem em genes específicos que controlam o crescimento celular e a reparação do DNA, como os genes oncogenes e supressores de tumor.
Essas mutações podem ser resultado de exposição a fatores de risco ambientais, como dieta não saudável, tabagismo e sedentarismo, além do envelhecimento natural das células.
A compreensão das mutações genéticas adquiridas em tumores colorretais tem implicações importantes na seleção de tratamentos personalizados. Por meio da análise genética do tumor, os médicos podem identificar mutações específicas e selecionar terapias direcionadas ou imunoterapia, melhorando a resposta ao tratamento e a sobrevida dos pacientes.
Valor da Nutrição e Medidas Preventivas
A nutrição é fundamental na profilaxia do câncer colorretal. Dietas ricas em gorduras saturadas, carnes processadas, açúcares e pobre em fibras, vegetais e frutas têm sido relacionadas a um aumento da incidência de câncer colorretal. As dietas ricas em fibras, frutas, vegetais, grãos integrais, peixes e baixo teor de gordura são associadas a um menor risco de câncer colorretal.
As fibras na dieta ajudam a regular o trânsito intestinal, aumentam o volume e a frequência das evacuações, o que pode reduzir a exposição das células do cólon a agentes carcinogênicos. Além disso, as fibras podem ajudar a manter um microbioma intestinal saudável, que desempenha um papel na prevenção do câncer colorretal.
Medidas preventivas também são fundamentais na profilaxia do câncer colorretal. Além da alimentação adequada, a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui a prática regular de atividades físicas e a cessação do tabagismo, pode contribuir para a redução do risco de desenvolver a doença.
Programas de rastreamento e conscientização também são essenciais na profilaxia do câncer colorretal. Incentivar a população a participar de exames de rastreamento, como a colonoscopia, em intervalos adequados de acordo com os fatores de risco individuais, pode ser altamente eficaz na detecção precoce e prevenção de casos avançados da doença.
Em conclusão, a profilaxia do câncer colorretal é de extrema importância, considerando sua alta incidência e morbidade. A colonoscopia desempenha um papel central no diagnóstico precoce e prevenção, permitindo a detecção e remoção de pólipos antes que se tornem cancerosos. Além disso, uma dieta adequada, rica em fibras e baixa em gorduras saturadas, juntamente com um estilo de vida saudável, pode ser adotada como medida preventiva complementar para reduzir o risco de desenvolver essa doença grave.
A importância da genética no câncer colorretal é significativa. A identificação de fatores genéticos hereditários pode guiar ações preventivas e programas de rastreamento mais intensos. Além disso, a análise das mutações genéticas adquiridas no tumor pode influenciar a escolha de tratamentos mais eficazes e personalizados, contribuindo para melhores resultados clínicos para os pacientes.
Texto de autoria do Acadêmico Cláudio Marroni