As doenças cardiovasculares são muito frequentes. No Brasil, são cerca de 14 milhões de pessoas com essa patologia. Além de serem a principal causa de morte no país, as doenças cardiovasculares também estão muito associadas a alta morbidade, com sequelas crônicas e graves não só na qualidade de vida individual e familiar, mas também em redução de capacidade produtiva, necessidade de cuidados e tratamentos específicos, com elevado custo econômico individual e para a sociedade.
A apresentação clínica pode ser muito variada, de acordo com o órgão acometido e a gravidade do quadro. As manifestações clínicas podem ocorrer de forma gradual, ou eventualmente de forma abrupta. Assim, a primeira apresentação pode já ser um infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, arritmias graves, insuficiência cardíaca ou morte súbita.
O desenvolvimento no tratamento dessas patologias é enorme, e ferramentas como angioplastias, stents, ablações, desfibriladores implantáveis, cirurgias cardíacas, ressincronizadores, melhoram a qualidade de vida e reduzem mortalidade. No entanto, essas tecnologias são caras e complexas, não estão disponíveis para todos, e podem não ser totalmente efetivas.
Então, qual a solução? A resposta óbvia é a PREVENÇÃO. Assim, foi criado o Setembro Vermelho, um mês para educar, alertar e divulgar cuidados a serem usados todos os dias do ano. Essas doenças geralmente se manifestam na vida adulta, mas é na infância que o processo de aterosclerose tem seu início. Por isso, a prevenção é para todos, e desde sempre.
Diversos são os fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Alguns não são modificáveis, como o gênero (masculino com mais risco), aumento de idade, e predisposição genética. Outros são modificáveis, como tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabete mélito, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, estresse, distúrbios do sono, ingesta excessiva de álcool. Esse podem e devem ser evitados ou tratados.
Para tal, vários documentos foram publicados pelas mais importantes instituições mundiais, como as Diretrizes de Prevenção de Doença Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia 2019, Healthy Living Guide 2022-23 da Escola de Saúde Pública de Harvard, e as Diretrizes de Prevenção de Doenças Cardiovasculares da Sociedade Europeia de Cardiologia 2021.
Algumas das sugestões dadas:
- Ter uma dieta saudável. Sugere-se trocar gordura saturada e trans por insaturada, reduzir a quantidade de sal, optar por um padrão alimentar com plantas e rico em fibras (frutas, vegetais, grãos), comer peixe ao menos uma vez por semana, restringir o consumo de açúcares. Do ponto de vista de saúde pública, sugerem-se políticas para diminuir a quantidade de sódio e açúcar na preparação dos alimentos e bebidas industrializados, e oferecer alimentos saudáveis em instituições públicas
- Praticar exercício regular. Uma atividade regular diminui o risco de doenças cardíacas, hipertensão arterial, diabete mélito, declínio cognitivo e melhora qualidade do sono.
- Manter peso adequado. A gordura abdominal é um marcador importante do risco cardiovascular. Mesmo que o peso mais adequado para cada um seja uma medida individual, a sugestão é fazer uma comparação do peso atual com o que se tinha com 20 anos de idade, para ter referência.
- Não fumar. O cigarro promove uma inflamação crônica e estresse oxidativo, e é danoso para os mais diversos órgãos do corpo. Aumenta não só o risco de eventos cardiovasculares, como cânceres, doenças pulmonares, entre outros. O risco de eventos cardiovasculares aumenta tanto pelo uso crônico do cigarro, como pela hipóxia causada cada vez que se fuma.
- Evitar ingestão alcoólica excessiva. Sugere-se que o consumo de álcool não deva passar de 100 gramas por semana
Com educação e prevenção, evitam-se doenças do coração!!
Texto de autoria do Acadêmico Leandro Ioschpe Zimerman