Somente o rigoroso senso de pontualidade e a devoção ao dever, professados pelo Acadêmico Darcy Ribeiro Filho, coordenador do painel ao lado da Jovem Talento Dra. Camile Stumpf, impediu que a instigante Sessão Científica de novembro da ASRM se estendesse pelo período da tarde do sábado, dia 30.
É o que teria acontecido se dependesse do desejo da maioria dos acadêmicos, transformados em alunos interessados e questionadores na verdadeira aula em que se transformou a reunião, durante duas horas abordando “Transtorno do Espectro Autista – Uma revisão conceitual”.
No auditório lotado da AMRIGS, com a presença do presidente anfitrião, Dr. Gerson Junqueira, acadêmicos atentos e curiosos se manifestaram após as três apresentações, acompanhadas pelo acionar das câmeras dos celulares, captando ilustrações projetadas no telão junto de vídeos explicativos, dando suporte didático às palestras.
Os participantes indagaram a respeito de aspectos do TEA que incidem sobre pacientes dos campos médicos em que atuam, da otorrinolaringologia à gastroenterologia, passando pela neurologia, urologia, psiquiatria e pediatria, entre outras especialidades médicas.
Como explicou o Acadêmico e pró-reitor de pesquisas da UFRGS, Flávio Kapczinski (abordando Autismo na adolescência e no adulto), a respeito da abrangência etária da patologia, o adulto com TEA provavelmente foi uma criança mal diagnosticada. Mas, ainda que refratário, não está perdido para a doença, que pode ser minimizada, permitindo adaptação laboral e adequação comportamental, com o paciente auxiliado a “driblar” suas dificuldades de sociabilidade.
Com causas que combinam fatores genéticos e ambientais, na afirmação da neurocientista Dra. Carmem Gottfried (incursionando na temática “Neurociência do autismo”), o transtorno pode ser tratado graças a avanços de pesquisas cada vez mais atualizadas para entender melhor como combater a doença. Em sentido contrário, ela repudia o crescimento de campanhas negacionistas, que culpam as vacinas pela origem da doença, renegando o conhecimento científico e atrasando possíveis soluções.
Na assertiva do Dr. Josemar Marchezan, discorrendo acerca de “Autismo na infância”, o diagnóstico precoce também é fundamental para o tratamento adequado do TEA. O ideal é que o bebê — com atrasos na fala, na atenção à face humana, na ausência de sorriso sociável e na aparente insensibilidade em ambientes desconhecidos — nos primeiros 18 meses de idade seja diagnosticado e passe a ser tratado, sem perda de tempo significativa, que permita a instalação severa do transtorno.
Ao final das apresentações, coincidentes na preocupação com o aumento da curva do TEA no mundo, o Dr. Kapczinski disse que não nasceu otimista, mas a vida lhe ensinou que os otimistas acertam mais. Por isso, também deixou, como recado final, a sugestiva anotação de que “a inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades”.
Assista às palestras completas do evento no link abaixo: