Filho de Domingos José Pinto e de Marfisa Figueiredo Pinto, Aureliano de Figueiredo Pinto nasceu na fazenda São Domingos, em Tupanciretã, zona da campanha gaúcha, em 1º. de agosto de 1898. Exerceu, no decorrer da vida, os ofícios de médico, poeta e escritor. Alfabetizado pela mãe e posteriormente enviado ao Colégio Santa Maria, aos dez anos já escrevia alguns poemas.
Em 1914, as poesias classificadas em concurso são publicadas na revista Reação, dirigida por Walter Jobim. Em 1916, transfere-se para Porto Alegre, com o intuito de estudar Direito, resolvendo-se depois por Medicina. Mais poemas são publicados, agora no Correio do Povo. Ainda que não tivesse revelado inclinações pela política partidária, em 1920, revolta-se ao assistir o massacre de operários pela força policial.
No romance, Memórias do Coronel Falcão, demonstrará sua indignação com as arbitrariedades do governo Borges de Medeiros. Em 1924, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde escreve o poema “Romance do mar”. Lá cursará os dois primeiros anos de Medicina, quando volta a Porto Alegre, com Antero Marques, seu grande companheiro, para prosseguir nos estudos. Passa a ler poetas regionalistas uruguaios e argentinos e tão marcante foram suas influências, que escreve poemas em espanhol. Ao mesmo tempo, o Modernismo avança e ganha espaços entre os artistas e escritores porto-alegrenses dentre os quais, Aureliano. Retornando a Porto Alegre, instala-se na República de Estudantes da Rua da Olaria, atual Lima e Silva. Intelectuais e alunos têm ali seu ponto de encontro, onde se travam discussões acaloradas. Gradua-se em 1931. Dedica sua tese de doutoramento de curso a amigos, em especial a Cyro Martins.
Já no ano seguinte, abre consultório em Santiago, próximo a sua cidade natal. Convidado posteriormente para assumir a Chefia da III Cátedra Médica na Faculdade de Medicina da capital, recusa o cargo, preferindo permanecer no interior do Estado. Em viagens para atender emergências, Aureliano mantém contato com o homem do campo: nos galpões ouve os casos que povoarão sua literatura. Quando se dá conta de que muitas de suas prescrições médicas não são cumpridas, pela dificuldade financeira que não permite aos pacientes aviar as receitas, elabora uma estratégia curiosa: coloca um código nas receitas. Conforme o mesmo, a conta é debitada pelo farmacêutico para um ou outro de seus amigos. Em 1937, passa a dirigir o posto de Higiene de Santiago.
Em 1938, casa-se com Zilah Lopes, de cujo casamento nasceram José Antônio, Laura Maria e Nuno Renan. Tempos depois, seria o fundador do Hospital de Caridade de Santiago. Em 1941, no Governo do Interventor Cordeiro de Farias, assume a Subchefia da Casa Civil. Após dois anos retorna a Santiago, quando reúne seus poemas, visando publicá-los em livro. O seu objetivo, estava longe de buscar a fama de literato: “o menos interessado no bestseller sou eu. O que nos cadernos se contém, são, a seu modo, um registro de instantes e de vidas do campo. Flagrantes esses, campeiros. Isso o que procurei traduzir. A fama, a glória, estou com o grande Lobato, tudo é lata”. Por razões pessoais, resolveu publicar o livro somente em 1959, quando soube ser portador de grave doença incurável.
Em 1959, a Editora Globo publica Romances de Estância e Querência, Marcas do Tempo. Aureliano, em 22 de fevereiro, já com câncer em estágio avançado, morre poucos dias depois da publicação.
E mais tarde, sa Editora Sulina publica Romances de Estância e Querência II e, em 1973, sai pela Editora Movimento o Memórias do Coronel Falcão. Posteriormente, Noel Guarany, autorizado pela família, põe música nos poemas de Aureliano. Bisneto de Farroupilha e Canto do Guri Campeiro têm problemas com a censura.
A biografia de Aureliano de Figueiredo Pinto e sua obra atestam que foi um homem de sua época. Cuidou da saúde do povo e retratou seus costumes, pela narrativa literária da vida gaúcha, com visão voltada para questões sociais e celebrando perfis femininos e o heroísmo da mulher gaúcha.
No Correio do Povo, publicou poemas e textos inéditos sob o pseudônimo de Júlio Sérgio de Castro. Esses textos eram enviados a seu grande amigo João Otávio Nogueira Leiria (tradutor de Martín Fierro), que os levava a Caldas Júnior para publicação.