Filho do coronel Januário Fonseca e de Fidelina Prates da Fonseca, Gabino Prates da Fonseca nasceu na Fazenda da Cria em Rosário do Sul, em seis de abril de 1889. Seu pai era republicano histórico, coronel da Guarda Nacional e foi intendente de Rosário. Aparentado de Júlio Prates de Castilhos e de Dom Feliciano Prates, primeiro bispo do Rio Grande do Sul, era tio do professor José Carlos Fonseca Milano. Fez os estudos primários e secundários em Santa Maria e em Porto Alegre. Iniciou o curso de Medicina na capital gaúcha e o terminou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Doutorou-se em 28.12.1911, defendendo tese sobre o tratamento da eclampsia. Foi interno do Instituto de Proteção e Assistência à Infância e Maternidade das Laranjeiras, Fundação Moncorvo Filho, na antiga capital federal de 1909 a 1911. Iniciou suas atividades médicas na cidade natal e foi contratado para o serviço médico do Frigorífico Armour. Logo, transferiu-se para Porto Alegre, onde casou em 1915 com Leonor, filha do professor Serapião Mariante e irmã do professor Thomaz Mariante, patrono de cadeira da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Foi cirurgião, diretor e assistente de Clínica Obstétrica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ocupou no mesmo hospital a chefia clínica da enfermaria do professor Serapião Mariante, especializada em Ginecologia e Cirurgia de Mulheres. Exerceu a profissão em Porto Alegre, nas especialidades Cirurgia Geral, Ginecologia, Obstetrícia e Vias Urinárias. Fez cursos de aperfeiçoamento em Paris nos anos de 1924 e 1925 nos seguintes serviços: Cirurgia, sob direção dos professores Gosset, Hartmann e Pierre Duval, nos hospitais Salpetriére, Hotel-Dieu e Vaugirard; e sob a direção do professor Dobbet no Hospital Cochin. No Hospital Brocca, fez curso de Técnica Cirúrgica sob a direção dos professores Louis Michon e Jean Braine e outro de Ginecologia com o professor J. L. Faure. Em Obstetrícia, fez cursos com o professor Couvelaire na Maternidade Boudelocque, e com o professor Brindeau na Maternidade Taunier. Participou de curso de Vias Urinárias sob a direção do professor Legueu, no Hospital Necker e que foi dividido em duas partes: a primeira com Endoscopia Urinária e a segunda com Clínica e Terapêutica. Ainda em Paris, freqüentou os serviços cirúrgicos dos professores Victor Pouchet, Papin, Ombredane e Marion.
Integrou o corpo médico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários e interrompeu por breve período sua clínica em Porto Alegre para dirigir no Rio de Janeiro o Hospital do Instituto, junto à Lagoa Rodrigo de Freitas. Sensível às lutas da categoria e líder nato, foi fundador e presidente da primeira comissão executiva do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Foram seus companheiros de diretoria os professores Mário Totta, Moisés Menezes, Guerra Blessmann, Octavio de Souza e Plínio Costa Gama. Eram secretários os doutores Waldemar Job e Ary Vianna; tesoureiro, o doutor João Lisboa de Azevedo. Foi importante na luta contra o charlatanismo e o curandeirismo, com tomadas de posição e apoio aos esforços das autoridades após longo período de perturbação causado pela liberdade profissional não regulamentada. Participou da fundação do Boletim do Sindicato (1931), órgão oficial da entidade, de circulação bi-mensal e que teve como primeiros redatores os professores Thomaz Mariante, Carlos Hofmeister e Décio Martins Costa. Participou no Sindicato, através do “Monte Médico”, de valiosa experiência previdenciária, assistindo com pecúlio os familiares de médicos falecidos ou inválidos. Participante ativo da Sociedade de Medicina de Porto Alegre, fundada em 13.09.1892, ocupou o cargo de vice-presidente, sob a presidência do professor Guerra Blessmann, quando foi criado o Departamento de Cirurgia da entidade. Recebeu distinção honorífica do Colégio Brasileiro de [Cirurgiões, de que era membro.
Gabino herdou do pai o gosto pela política e, como ele, dissentiu do borgismo que dominava o Estado. Foi um dos fundadores do Partido Libertador e em 1930 seguiu para o Rio de Janeiro como médico integrante do corpo de saúde das forças revolucionárias. Aos setenta anos, encerrou suas atividades profissionais e, algum tempo depois, passou a residir no Rio de Janeiro. Faleceu, contudo, em Porto Alegre no dia 30 de março de 1973 no Hospital Moinhos de Vento, aos 83 anos, deixando um único filho, o Dr. Helio Mariante Fonseca, advogado, que se aposentou após exercer a magistratura no Rio de Janeiro. Casado com Ilse Nylda Schusch Fonseca, de ascendência austríaca, o doutor Hélio voltou a residir em Porto Alegre e não tem filhos. Após reforma substancial, o prédio principal do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul passou a chamar-se Gabino Prates da Fonseca, numa homenagem