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Cadeira 31

Hildebrando Westphalen

Dr. Hildebrando Westphalen nasceu em Palmeira das Missões em18 de maio de 1889. Filho de Alfredo e Adélia Westphalen, ele escrivão e, com curso incompleto de medicina, assistiu a população daquela região localizada no extremo norte de nosso Estado, então desprovida de outros recursos médicos.

Casado em 1916 com Otília Kramer Moltz, tiveram quatro filhos: Ethel, Jorge (Membro Fundador da Cadeira 31), Heloisa e Lúcia.

Foi aluno do Ginásio Santa Maria, recém criado, concluindo o ciclo secundário [como orador da turma cujo paraninfo foi o Barão do Rio Branco, no Ginásio Rio Grande do Sul (posteriormente Colégio Júlio de Castilhos) em Porto Alegre. Formou-se em Medicina em 1915 também em nossa capital.

Clinicou durante um ano em Curitiba onde morava, mas logo retornou à sua terra natal onde trabalhou durante sete anos. Foi o primeiro médico da Estância hidro-mineral de Irai, transferindo-se posteriormente para Cruz Alta onde trabalhou durante 14 anos no Hospital São Vicente de Paula.

Dedicava-se especialmente à pediatria e cirurgia e fez cursos de especialização no Rio de Janeiro, na Alemanha e na França.

Em 1938, contando com decisivo apoio de Da. Otília e de seus quatro filhos, fundaram o Hospital Santa Lúcia, no qual veio trabalhar em 1945 seu filho Jorge, recém formado e [diretor do mesmo depois do falecimento do pai.

Além da atividade profissional como médico, participou ativamente da política: Conselheiro Municipal durante sete anos em Palmeira a partir de 1916, Conselheiro Municipal em Cruz Alta durante 4 anos, a partir de 1924 (tendo exercido a sua presidência), em 1934 foi eleito Deputado à Assembleia Constituinte do Estado, posteriormente transformada em Assembleia Legislativa da qual foi também presidente até sua renúncia, quando foi deposto o então Governador do Estado Dr. José Antônio Flores da Cunha.

No início da década de 20 teve papel importante na decisão de implantar o sistema de água e esgotos da cidade de Cruz Alta e idealizou e fundou o Posto de Puericultura Olintho de Oliveira. Em 1966 recebeu o título de Cidadão Cruzaltense e no ano seguinte medalha do mérito pelos serviços prestados à cirurgia durante 50 anos durante o 10o. Congresso Brasileiro de Cirurgia realizado no Rio de Janeiro. Em 1969 recebeu a Medalha do Pacificador.

Foi professor de puericultura no Colégio Margarida Pardelhas, e durante 24 anos na Escola Normal Santíssima Trindade também de Cruz Alta.

Os fatos acima, sucintamente enumerados, já delineiam um médico competente e dedicado, merecedor do reconhecimento das comunidades por onde passou, [um profissional consciente da responsabilidade social impelida pela consciência de que as causas das causas das doenças e da saúde se situam fora do setor saúde e somente acessíveis através da política. De um empreendedor que, reunindo a potencialidade familiar, construiu um hospital modelo, particularmente em recursos de ala complexidade que vem se desenvolvendo desde a gestão de seu fundador, através de seu filho Jorge; [fundador da cadeira 31 da Academia Sul[- Rio-Grandense de Medicina e posteriormente de Pedro Bandarra Westphalen, atual secretário de Ciência e Tecnologia de nosso Estado.

Para adicionar algum matiz humano ao perfil deste patrono, vale transcrever alguns parágrafos de um texto por ele escrito para [celebrar suas bodas de ouro, publicado no Diário Serrano de Cruz Alta em 29 de maio de 1966: “Os seus olhos refletiam o azul do céu e seus cabelos eram dourados como sol. Ela contava 18 e eu 26 anos. Um dia perguntei se queria casar comigo…

Um dia encontrei nos cabelos dela um fio de prata. Já tínhamos netos e lembrei então, que as bodas de prata estavam se aproximando…

E agora estamos bem longe, no declive, sempre de mãos dadas. E, hoje de madrugada, quando acordei, ela dormia a meu lado o seu sono sereno, calmo, como um céu sem nuvens. E fiquei com uma pena imensa pois descobri, pela primeira vez que não havia me dado conta de que a sua cabeça, assim como a minha está cheia daqueles fios brancos que eram um só as 25 anos.

E assim, no silêncio da hora, a contemplei revivendo o caminho que andamos juntos, durante meio século tão cheio de recordações, algumas pungentes, porém a maior parte [maravilhosas. Mas, quando os primeiros raios de luz se filtraram pela veneziana do nosso quarto, tudo se modificou: os seus cabelos tomaram a cor dourada do sol! Eu a vi então, como no começo de nosso romance, de olhos azuis como o firmamento e senti – mais do que tudo – que a quero ainda tanto bem como no primeiro dia desses cinquenta anos que se cumprem hoje! Como Deus é bom! (Cruz Alta, 24-05-66 H.W.).”

Faleceu em Cruz Alta, cercado pela família e pelo afeto de seus concidadãos no dia quatro de setembro de 1979, no mesmo dia e mês da morte de seu pai, conforme antecipara para seu filho Jorge em março daquele mesmo ano.