Do casal de professores públicos Mariano Joaquim de Siqueira e Ana Eulina da Rocha, surgiu uma nova sigla familiar para o Rio Grande do Sul, fruto da contrariedade inicial do novo chefe de família ante a má vontade de seus parentes com Ana Eulina, a sua bem amada. O primeiro filho nasceu em Taquari no dia 21 de dezembro de 1872 e recebeu o nome de José Mariano da Rocha. Dos oito filhos, foi o único a nascer fora de Pelotas, onde o casal passou a lecionar, e José fez os estudos primários. Os de humanidades, fez em São Leopoldo, no Ginásio Nossa Senhora da Conceição, dos padres jesuítas. Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia no ano de 1893 e, num período de revolução e de crise econômica, passou os seis anos do curso sem voltar ao sul. Como acadêmico, foi interno de Psiquiatria e Moléstias Nervosas sob orientação dos professores Tilemont Fontes e Juliano Moreira, e foi interno dos “Hospitais de Sangue” da Bahia na famosa Campanha de Canudos. Colou grau em 14 de dezembro de 1898 e teve sua tese sobre melancolia aprovada com distinção. Instalou-se em Santa Maria a convite de seu tio Ernesto Marques da Rocha. Residiu, de início, no Hotel Leon, onde também montou consultório. Já era noivo quando perdeu o pai, homem de poucos recursos e que os dividia com os mais necessitados, bom vicentino que era. Assumiu os cuidados da mãe e dos irmãos, destinando-lhes integralmente os ganhos obtidos como médico da Caixa de Socorro dos Ferroviários. Todos eles completaram cursos superiores, tornando-se médicos, advogados, engenheiro, militar e padre. Em 25 de junho de 1901, José Mariano da Rocha casou com Maria Clara Álvares da Cunha. Foi dos primeiros membros da Sociedade de Medicina de Santa Maria e nela instituiu, junto com seu irmão Francisco, prêmio que levava seu nome, constando de medalha de ouro e diploma. O dr. José Mariano da Rocha, um dos fundadores da Faculdade de Farmácia de Santa Maria, era responsável pela cadeira de Farmacognosia.
Fez viagens de estudos à Europa, onde morou de1904 a 1906, tendo frequentado as principais clínicas de Viena, Berlim e Paris. Voltou ao velho mundo nos anos de 1919 e 1925, interessando-se pela alta cirurgia, especialidade que passou a exercer. Sempre praticou a Medicina em Santa Maria e muito fez pela Faculdade de Farmácia e pelo seu reconhecimento oficial. Mesmo aposentado, substituía professores quando necessário. Grande estudioso e portador de curiosidade científica ímpar, tornou-se dono de preciosa biblioteca. De José e Maria Clara, nasceram dez filhos, três homens e sete mulheres. Deles, três optaram pela Medicina: Maria Clara, Edith e José Mariano da Rocha Filho; Celeste tornou-se farmacêutica. A casa dos Mariano da Rocha era um centro de agradável convivência em que a mocidade se divertia e se aculturava. Além dos filhos, o solar que fora de José Maria da Gama Lobo Coelho d’Eça, português antepassado de Maria Clara, acolhia parentes e filhos do capataz da estância e que vinham estudar na cidade. Aos poucos, José foi passando para o irmão Francisco a clínica e as obrigações na Faculdade de Farmácia, germe da futura Universidade de Santa Maria. Aspirava ter mais tempo para dedicar-se à Estância Santo Antônio, desmembrada da tradicional Santa Rita, no município de São Borja. Também lá não descansava, pois, na fazenda, era procurado por muitos doentes, que atendia de forma humanitária e que saíam levando remédios da farmácia que ele organizara. Sempre gostou de viajar. Passava temporadas no Rio de Janeiro e voltou a morar por curto período na Europa. Tal aconteceu na Estremadura em decorrência de quintas e interesses que herdara em Portugal e Espanha. Cercado da admiração de pacientes, colegas e amigos, o Doutor José Mariano da Rocha faleceu na Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, em outubro de 1948, aos setenta e seis anos de idade.