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Cadeira 57

Protásio Alves

Nascido em 21 de Março de 1859, na cidade do Rio Pardo onde cursou suas primeiras letras, seguiu o curso secundário na capital, na escola do professor Fernando Gomes, tendo como colega Júlio de Castilhos, no partido de quem, mais tarde, em nosso Estado, teve importante participação política.

Matriculou-se, na Faculdade do Rio de Janeiro, onde se doutorou em 1881. Era o mais moço da turma e teve sua tese aprovada com louvor.

Regressou para exercer a profissão, mas como ele mesmo declarou: “Minha vocação era a medicina; a política, entretanto, me arrastou”.

Em verdade, reunia ele todas as qualidades, todos os requisitos para ser um médico, no exercício permanente, diuturno, da clínica: inteligência, cultura, propensão natural para o desempenho da profissão. E ainda aquela simpatia irradiante, aquela maciez no trato, aquela amabilidade de maneiras, aquela paciência e compreensão para envolver quantos dele se aproximavam, ministrando o conselho, que conforta, que alivia ou cura, a todos infundindo segurança, ânimo e tranquilidade.

Tal foi o merecimento logo reconhecido, que o governo de Santa Catarina convidou-o, recém abrira consultório médico em Porto Alegre, para superintender a comissão de saneamento da cidade de Desterro, hoje Florianópolis, na época sob o flagelo de cruel epidemia.

Viajou depois para Paris, Berlim e Viena onde se especializou em ginecologia e obstetrícia e também cirurgia geral.

De regresso, criou na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, uma Enfermaria de Partos, anexa a Enfermaria de Cirurgia de Mulheres, e que lhe ostenta o nome, num justo preito de reconhecimento. Doou para a instituição a primeira mesa de cirurgia, e realizou em nosso Estado a primeira intervenção cesariana com êxito.

Proclamada a República, aceitou o cargo de Delegado de Polícia da capital gaúcha; depois da Diretoria da Instrução Pública, no período de organização; mais tarde a Diretoria de Higiene. E, por 20 anos, a Secretaria do Interior, como um dos colaboradores mais fiéis, mais capazes, mais eficientes, mais dignos da fecunda e benemérita administração temporária de Salvador Pinheiro Machado.

Foi também deputado à Constituinte de 1891. E entre os membros da primeira legislatura foi eleito como o primeiro presidente republicano da Assembleia, então denominada Assembleia de Representantes, funções a que imprimiu, dizem os contemporâneos, o relevo marcante de sua ponderação, do seu equilíbrio, do seu aprumo moral e cívico, de sua inteligência, de sua cultura, do seu prestígio social e político. Presidiu-a de 1893 a 1896, anos de tumulto revolucionário e de consolidação da república no Brasil.

Em 1897, iniciava com Deoclécio Pereira, Sebastião Leão, Carlos Frederico Nabuco e Serapião Mariante o Curso Livre de Partos, do qual foi diretor e que se uniu posteriormente à Escola Livre de Farmácia e Química Industrial, fundada em 17 de fevereiro de 1895, por Alfredo Leal, Arlindo Caminha, Cristiano Fischer, Francisco de Carvalho Freitas, João Daudt Filho, dando origem assim, em 25 de julho de 1898, à Faculdade de Medicina de Porto Alegre, da qual foi seu primeiro diretor.

Em 1918, foi escolhido pelo Dr. Borges de Medeiros, como Vice-Presidente do Estado, cargo que ocupou durante dois períodos governamentais, tendo desempenhado, eventualmente, a Presidência, e Secretária de Estado. Inúmeras são as iniciativas que aí estão a lhe proclamar a benemerência, nos vários setores administrativos que supervisionava ou dirigia, valendo assinalar o Arquivo Público, a Estatística, a Biblioteca Pública, o Hospital São Pedro, o Museu, e o Teatro São Pedro.

Onde, entretanto, ele sobressaiu, foi na atenção dispensada à higiene e à instrução pública. A respeito, escreve o Professor Julio Lebrum, elogiando Protásio Alves: “Na administração da instrução pública é que se revelou o seu patriotismo, pugnando pela nacionalização do ensino nos municípios coloniais habitados por descendentes que ainda não se haviam familiarizado com o idioma pátrio. Era inflexível na falta de cumprimento do dever dos professores estaduais e inspetores daquelas zonas.”

Após seu falecimento, em 5 de Julho de 1933, em Porto Alegre, por entre generalizadas manifestações de pesar, associando-se às homenagens tributadas, o governo, entidades científicas, órgãos de classe e o povo, deram o nome de Protásio Alves a uma das mais importantes vias públicas e a um Colégio Público de Porto Alegre.