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Para comemorar*

Miriam da Costa Oliveira**


Neste outubro, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre completa 220 anos da sua fundação. Sua história é guardada em vasta documentação e contada e cantada em livros, entrevistas, relatórios e no espaço de seu próprio museu.

No início era predominantemente assistencial, cuidando de todos os tipos de desassistidos: menores e idosos abandonados, pobres, insanos, presos, feridos e escravizados. No final do século 19, com a construção do Hospício São Pedro, de outros hospitais, de asilos e orfanatos e com a transferência dos militares das enfermarias que ocupavam, ocorreu uma mudança do papel da Santa Casa. Passou a predominar a terapêutica e o ensino, este último alavancado pela criação da Faculdade de Farmácia, embrião da Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

As transformações funcionais foram acompanhadas de evolução na área física. As primeiras enfermarias, de 1826, evoluíram para a conclusão do primeiro edifício, em 1844, com cinco enfermarias. Entre 1930 e 1970, surgiram o Hospital São Francisco, o São José,oSanto Antônio, o Pereira Filho, o Santa Clara (da união de outros três pavilhões) e foi incorporado o Santa Rita. Após a virada do milênio, foram inaugurados o Hospital Dom Vicente Scherer eonovo Santo Antônio. Neste outubro, será inaugurado o Hospital Nora Teixeira, um marco na consolidação da evolução estrutural e médica da instituição.

Pela Santa Casa passaram médicos ilustres, hoje patronos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Por ela passaram mais de 3,7 mil formandos de Medicina da faculdade que criou, posteriormente transformada na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

No entanto, mais importante que o modelo de instituição hospitalar que representa, hoje sob os cuidados do provedor, desembargador Alfredo Englert, a Santa Casa continua a tratar predominantemente a população pobre e doente eaenterrar indigentes em seu Campo Santo. Mantém-se atendendo aos preceitos da misericórdia, status que recebeu em 1814, e carrega consigo um único pecado: apenas o nome de Porto Alegre. A Santa Casa é patrimônio também do Rio Grande do Suledo país.

*Artigo publicado originalmente no Jornal Zero Hora em 19 de outubro de 2023

**Presidente da ASRM