Texto do Acadêmico Gilberto Schwartsmann
A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina é contrária ao uso da substância fosfoetanolamina em pacientes com câncer, enquanto não forem confirmadas sua segurança e eficácia em estudos científicos exigidos por nossa legislação.
Até o presente, não há informações suficientes sobre seus riscos e efeitos terapêuticos. As descrições de seus efeitos benéficos em pacientes com câncer nunca foram confirmadas por métodos científicos e não atendem as exigências da ANVISA para uso humano.
Pelas mesmas razões, não há justificativa para que a substância seja fornecida a pacientes pela via judicial.
A população tem sido ludibriada por afirmações levianas quanto à existência de efeitos milagrosos produzidos por esta substância no câncer. Nenhum pesquisador reconhecido ou entidade dedicada à pesquisa no Brasil considera seus efeitos verdadeiros ou sequer promissores.
A comunidade cientifica brasileira em momento algum defendeu a necessidade de dar a esta substância prioridade para desenvolvimento. Ao alocar, de forma arbitrária, dez milhões de reais dos cofres públicos para estudos com esta substância, o executivo causa estranheza no meio acadêmico, que sofre com os cortes expressivos nas verbas governamentais destinadas à pesquisa.
Neste episódio, perdemos todos. Pacientes e famílias, induzidos a crer em curas milagrosas, até agora não comprovadas. Perdem os médicos, os cientistas e as suas entidades representativas, totalmente ignoradas no episódio. Perde a classe política por entrar em assunto polêmico sem conhecimento adequado.
A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina reúne os mais renomados médicos de nosso Estado e tem como missão salvaguardar a excelência médica. Ciente de seus compromissos com a comunidade gaúcha recomenda que a população evite o uso da fosfoetanolamina enquanto não surgirem dados científicos que comprovem sua segurança e eficácia.