Luiz Carlos Corrêa da Silva*
Observação: as dicas e informações aqui emitidas têm base científica, mas podem mudar conforme a evolução dos conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento da pandemia Covid19
FUMANTES TÊM MUITOS PREJUÍZOS POR INFECÇÕES, PRINCIPALMENTE NA PANDEMIA. A ACADEMIA ALERTA QUE ESTE É UM MOMENTO PARA REFLETIR E NÃO FUMAR!
Fumantes têm mais infecções: quatro vezes mais gripes por influenza e maior mortalidade, três vezes mais tuberculose, quatro vezes mais pneumonias graves particularmente pneumocócicas. São as consequências nefastas do tabagismo nos mecanismos de defesa.
Na COVID19 muitos danos estão sendo observados. Embora o tempo de observação seja relativamente pequeno para avaliar a extensão do problema, há evidências de que fumar aumenta muito o impacto da pandemia: pneumonia grave, doença progressiva e morte ocorrem mais em fumantes. Demonstrou-se que a fumaça de cigarros estimula a produção pulmonar de ACE2 (enzima conversora da angiotensina 2). Esta enzima favorece que o novo coronavírus ligue-se nas células humanas. Observou-se que crianças produzem menor quantidade desta enzima o que explicaria sua maior proteção e melhor prognóstico. A boa notícia é que parando de fumar a ACE2 volta rapidamente a níveis normais.
Por sua vez, o fumante toca com mais frequência as mãos nos lábios e face aumentando a contaminação. Fumantes de narguilé ao compartilhar o mesmo bocal para aspirar fumaça transmitem o vírus. Isto também acontece com os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).
O confinamento piora o estresse, a instabilidade emocional, e situações comportamentais como ansiedade e depressão. Pesquisas revelam aumento do consumo de drogas, particularmente tabaco e álcool, e de medicamentos psicoativos por prescrição ou automedicação.
Este é momento de avaliar prioridades de vida, revisar valores, não começar a fumar, parar de fumar e ter mais atitude para evitar outros fatores de risco danosos para a saúde.
Ao fumante e ao não fumante, principalmente o jovem: “seja coerente e não se deixe enganar pela mídia sem escrúpulos que o faz consumir o que ela quer vender, particularmente a do tabaco. Siga recomendações da ciência e das instituições confiáveis. Não se contamine pela COVID19 e nem pelo tabagismo! Viva!
Priorize viver melhor. Se fuma pare, se não fuma não inicie. Se ajudar pessoas a parar de fumar salvará vidas!
PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA AS QUESTÕES ATUAIS
Pergunta: Hoje, dia 30 de Setembro de 2020, podemos dizer que a pandemia está sob controle e a vida já pode voltar ao normal?
Resposta: Absolutamente! Isso ainda é incerto! Recentemente houve estabilização dos dados epidemiológicos e leve diminuição das internações em UTI, o que pode ser um primeiro sinal de controle da pandemia. Mas, se as medidas de proteção, prevenção e distanciamento forem afrouxadas pode ocorrer nova inflexão para maior disseminação e aumentar o número de casos graves e fatais. O momento é de cautela e retorno gradual ao funcionamento dos diversos setores, com prioridades, avaliação continuada e adequação de medidas.
Pergunta: Trabalhadores que dependem da sua produtividade devem retomar rápida e plenamente as suas atividades?
Resposta: Este “retorno ao normal” precisa ser escalonado, estabelecendo-se a melhor correlação entre riscos e prioridades. Priorize-se o que é fundamental para benefício e necessidades primordiais para a sociedade em geral. O que não implica em aglomerações e comportamentos de risco. Evidentemente, cada setor precisa avaliar e coordenar-se em consonância com as autoridades públicas. Não é hora para corporações e setores empresariais ou governamentais se atravessarem com seus interesses e tomarem decisões alheias ao interesse público. O papel dos governos é avaliar, orientar, equilibrar e auxiliar naquilo que lhe compete.
Pergunta: E sobre o retorno dos estudantes para as salas de aula, presencialmente?
Resposta: Este é um ponto de extrema importância para o qual será necessário estabelecer regras relacionadas às condições da escola, dos seus recursos materiais e humanos, do processo educativo habitual e das adaptações imediatas necessárias e viáveis. Cada passo deverá ser avaliado periodicamente e feitos os ajustes necessários. Este é um processo lento e que precisa ser coordenado por uma equipe idealmente isenta de vieses corporativos, ideológicos e setoriais. O foco precisa ser o benefício dos alunos e dos colaboradores, em todos os sentidos. Certamente, este momento poderá propiciar muitos ganhos para o processo educacional e meritório para quem se dedica ao setor.
*Membro Titular da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina